Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas
Sem poder me virar, seguir em frente, ou chegar a uma conclusão, eu me sento e escrevo, sem saber muito bem o quê.

mais um adjetivo para volúvel -> The current mood of acredoce at www.imood.com

 

7.28.2023

É fantástico o mundo dos emojis. Figurinhas pequeninas tão carregadas se significado. E para quem, como eu, luta com as palavras não ensaiadas nas conversas do cotidiano, ter figurinhas-chave que indicam minha emoção mais do que eu conseguiria em palavras (escritas ou faladas) é uma mão na roda. 

Eu, pessoalmente, detesto palhaços (trauma infantil) e por isso é fácil absorver todo o tom autodepreciativo que o emoji de palhaço carrega. Um sorriso automático, sem-graça (patético seria um adjetivo interessante) numa cara pintada para representar uma ideia estranha do que seria engraçado: o ridículo. 

Pois é. O palhaço é um ser que deixa que os outros riam da sua cara (literal e figuradamente). O problema é quando a maquiagem é invisível, a minha história de vida. Sou feita de palhaça desde sempre por força da minha existência e maneira de ver o mundo. 

A esquisita, a chata, a que não consegue entender ordens, a que detesta ordens, a que nunca consegue entender o que O Outro quer. Até porque pra mim a vida é chata, é preto-no-branco, é pergunta-e-resposta, é problema-e-solução. E eue lasco nessa de achar que as pessoas, assim como eu, também pensam assim. 

As pessoas dizem que querem simplicidade. Mas gostam mesmo do drama. E ainda se zangam quando são confrontadas com o óbvio. 

E eu juro que eu queria poder ser assim, pelo menos de vez em quando. Porque aí eu sofreria menos, me machucaria menos. E passaria menos madrugadas acordada remoendo tudo ad infinitum. 

Eu tento me adaptar, de verdade. Mas no primeiro sinal de barata-voa dos outros, eu já perco a paciência e a máscara cai. Aí eu sou sincera e começo a agir por impulso, de acordo com a minha maneira de ver e resolver as coisas. Dá certo no aspecto prático, mas... Dá-lhe emoji de palhaço.

Eu acreditei num evento, nas pessoas envolvidas nesse evento. Fiz dívidas de investimento, corri atrás. Mas, *emoji de palhaço*, fui a única. E quando vi que as coisas estavam paradas simplesmente por falta de iniciativa e interesse, fui correr atrás do futuro provável prejuízo (fatura de 700 reais nos cartões e zero dinheiro para pagar): fiz uma força-tarefa com quem eu sabia que teria empatia e fomos correr atrás das soluções. 

E eu juro que pensei que as pessoas ficariam felizes, pois não haviam decidido nada até o momento. Só que não. *emoji de palhaço* Eu acabei gerando um mal estar enorme. Pior: com uma pessoa nada confiável, que por ter sido tirada do seu autotítulo de chefia me arrastou na lama. Junto a outras pessoas. 

E eu não aguento. Dói fisicamente essa tortura psicológica que me fazem passar arrastando minha cara no que é o status quo: ninguém faz nada mesmo com as necessidades listadas, mas quando um faz, ele se torna automaticamente o inimigo. 

O foda é que eu entendo até que para muitos a vida é assim. Mas ela difere radicalmente da maneira como eu consigo viver. Eu adoraria surfar numa máscara e propor entender essa necessidade de complicar o básico, mas eu não consigo, não tenho essa habilidade. E cansa ficar o tempo todo sendo obrigada pelo status quo a me sentir mal e culpada, mesmo que as ações tenham sido corretas e gerado os resultados necessários. 

Eu queria muito mesmo que os outros pudessem se colocar no meu lugar e fazer o esforço que eu faço diariamente para tentar ser como esperam que eu seja. Viver assim cansa, esgota. E é assim que eu me sinto o tempo todo: correndo atrás de ordens dadas pelo coletivo, da exata maneira como eles esperam e nunca satisfazendo ninguém. Nem eu mesma. 

Não tem comida? Bora fazer e deixar pronto. Mas aí ninguém come e a comida azeda. 

Fico triste, chateada? Mas eu tenho que entender que o outro não queria aquela comida naquele dia. Calma. 

Não tem patrocínio? Bora conseguir patrocinadores. Mas aí as pessoas se zangam porque eu não repassei todas as minúcias que levaram à execução, mesmo que tenha sido bem sucedida. 

Passo minuciosamente o passo a passo e as necessidades? Sou ignorada. 

E aí quando eu me estresso com esse mundo de informações contraditórias o tempo todo, eu sou má. Choro de desalento? Deixa disso, não se preocupe, seja leve. Não me preocupo? As coisas não saem. E as faturas do cartão continuam me esperando. 

E o pior: quando eu cometo o sincericídio de explicar o meu funcionamento, é sempre como se eu estivesse fazendo drama. 

E não é. Dói fisicamente. De verdade. Machuca fundo. Magoa.

Aí eu reajo no que existe de mais puro dentro de mim: me fecho e acabou. Porque eu sei que se eu não fizer isso, eu vou passar pela mesma coisa. Porque sou *emoji de palhaço*. Tenho meu sorriso patético e a cara pintada pronta para darem risada de mim. E eu deixo. Porque no fundo, nunca consigo perceber quem quer o bem e quem quer o mal. 

É isso. Pode rir. Pode gritar. Pode me fazer de otária. Já estou acostumada. Mas só tenha a consciência de que dói. 




por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 7/28/2023 01:32:00 AM |

 

 


 

 

 

mais tentativas de fazer algum sentido

 

se eu mdaur a oredm das lerats vcoe anida vai me etnedenr?

 

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