mais um adjetivo para volúvel ->
8.10.2007
O maravilhoso universo da Herbalife
como eu amo a minha vida...
Dia desses eu recebi um e-mail mostrando a verdadeira face da Herbalife.
E para quem pensa que ela tem a pele brilhosa, o corpo escultural e personalidade cativante, pense novamente.
Não, ela destrói vidas, corrói famílias, transforma cidadãos de bem em pessoas obsecadas, loucas por vender apenas mais um suplemento.
E quem não conhece um Herbalouco (da Herbalife, não da maconha)?
Pois bem, um dia desses me chamaram para uma entrevista de emprego para a área de eventos. Eu já estaria no Centro do Rio. Mesmo ressabiada, aceitei. Ok.
E não é que era a Herbalife?
Passada a indignação inicial de ter meu querido diploma e experiência convertidos em revenda de bem-estar para os desavisados (se quer saúde, amigo/amiga, largue o pacote de rufles agora!), vi que era uma oportunidade única de ver como agem os lobos maus, colhendo carneirinhos inocentes para o sacrifício.
Imaginem:
sala alugada (ghost office), paredes amareladas, carteiras de colégio resgatadas e em péssimo estado. Salinha ínfima. Se eu não soubesse, nossa, meus sensores já desconfiariam de algo que não uma empresa de RH, assim.
Numa mesinha com uma toalha de mesa vagabunda, uma pirâmide (NÃO É UM ESQUEMA DE PIRÂMIDE? MESMO?) com vários potinhos de pílulas milagrosas. No meu grupo, pessoas de todos os tipos, algumas já saindo ao ver que NÃO se tratava de um engana-trouxo.
Começa a bizarrice.
Um moço com um terno um pouco grande para seu porte começa a gaguejar sobre o histórico (NÃO É UM ESQUEMA DE PIRÂMIDE!) desta grande empresa. E após alguns slides de Power Point muito mal feitos, vira-se para a platéia:
- Eu era assim!
E mostra uma foto sua de short, sem camisa e muitos quilos acima do seu peso atual. Eu senti vergonha por ele. Juro.
- E agora estou assim. Graças a Herbalife!
E nesse momento, para a surpresa geral, algumas pessoas de nossa distinta platéia, pasmem!, eram parte da Herbalife! Se levantaram e começaram a aplaudir.
E não é que a outra menina com carinha de normal na sala também tinha uma história de como a Herbalife salvou sua vida? E tinha fotos no computador? E mais uma vez me fez sentir vergonha por ver uma foto dela, gordinha, com um hamburguer imenso na mão?
E isso era pura coincidência. E qualquer um sabe que as coincidências dessa vida me matam. Porque se houvesse fotos minhas ali, eu juro que convertia na hora. Como detestar uma empresa que mostra minhas gordurinhas passadas para um presente esbelto (ou quase)?
Aí começava a sessão de auto-ajuda. Ex-gordinhos e ex-gordinhas aplaudindo uns aos outros, sorrindo e felizes com a vida que levavam. E loucos para que você também aplaudisse e visse esse lindo universo colorido. (Eu daria meu reino por uma câmera no celular, naquela hora, para mostrar a cara de alguns digníssimos membros da platéia).
E só aí apresentavam, não um empreguinho de vendedor ambulante, de porta em porta, mas uma oprtunidade única, para que, assim, como eles fizeram, mudassem de vida. Para melhor, é claro.
Nessa hora eu me levantei. Logicamente bate uma vontade de dar um soco naquelas criaturas, mas que posso eu fazer?
O segurança que me ajudou a achar a sala me perguntou como eu tinha me saído. Sorri e dei boa tarde. Como começar a contar uma história dessas?
Duas quadras adiante avistei um sebo. Pequenino, feio e fedorento. Achei um livro de lingüística que procurava há tempos. Livro este que estou usando agora para estudar.
Sorri.
E não é que a Herbalife me ajudou mesmo?
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 8/10/2007 03:25:00 PM
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