mais um adjetivo para volúvel ->
8.08.2007
Mais uma daquelas metidezas que me são tão caras
Há sempre o que fica escondido. Entre uma frase e outra, um pensamento e o próximo. Aquilo que não queremos admitir nem para nós mesmos e que nos atormenta quando queremos apenas esquecer.
A psicologia vai mandar banalizar, os seus amigos vamos propor uma bebedeira, sua mãe vai dizer que o tempo cura qualquer ferida. E o tempo vai passando e nada adianta. Continua ali, influenciando aquele passo adiante, olhando nos olhos e vendo através. Aí tudo pára, o tempo estaca e as memórias voltam com rapidez impressionante - mesmo sem querer! - trazendo aqueles segundos tão sutis à tona. Como aquele momento mágico que antecede o beijo tão esperado, a descoberta que o barulho assustador na cozinha é a goteira na torneira, o abraço apertado depois de tanto tempo... Fica difícil olhar para a frente, a cortina dos olhos misturando as formas...
O desespero então aflora, mesmo que não transpareça. Impossível deixar de lado... Tentar acalmar, tentar manter a serenidade, a plenitude, o desdém, a fria distância. Manipular com cuidado cada milésimo de segundo para atingir um pouco mais que a superfície com a distância de um braço como única proteção. Machucar. Só de leve. Sem deixar marca alguma, mas ajudando a reforçar a máscara, dizer que nada vai se repetir até acreditar na mentira.
E quando, voltando para casa, lhar o mar, a superfície calma vai enganar a correnteza forte logo abaixo. Os pés vão tentar se manter fincados, mas vão perder a estabilidade por um segundo. E o sorriso vai tentar encobrir, sem atingir o objetivo, que o passado deixa marcas profundas. E o silêncio subaquático vai acalmando atá não sobrar mais nada.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 8/08/2007 11:51:00 AM
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