mais um adjetivo para volúvel ->

 

5.07.2006

do you love me, now that I can dance?

o quê fazer num rio de janeiro chuvoso, com uma cara de poucos amigos e um corte de cabelo meio esquisito? eis que os amigos trazem uma solução!: dirty dancing!

sim, o filme. e não, não somente o filme.

por mais inspirador que seja ver a musculatura do patrick swaize e rir de sua - falta de - habilidade dramática, o filme é um inegável ícone da minha infância.

e ontem, com amigos tão esquecidos numa noite de sábado como eu, não fiz feio em reproduzir até o cenho franzido de johnny, enquanto contava suas mazelas para a bela dama (francis).

***

johnny- i've never known anybody like you. you look at the world and you think you can make it better. somebody is lost, you find. somebody's bleeding--
baby- and i got get my daddy. that's really brave, like you said.
johnny- *fala ininteligível* --guts to go to him. you're not scared of ANYTHING!
baby- me? i'm scared of EVRYTHING! i'm scaaared, of what-i-saw, of-what-i-did, of-who-i-am... aaaaa--nd, most of all, i'm scared of walking out this room and never feeling [for] the rest of my Whole Life,,,, the way i fell when-i-am-wi[th]-you.

*música de fundo: dam, dam, dam, da. dam, dam, dam, da*

baby se levanta. olha para johnny, meio atônito. carão de bobo, sabe?

baby- dance with me?
johnny - where? ri[ght] here?
baby- (tentativa de voz sexy) yes... right here.

*toca cry to me enquanto me delicio com aqueles músculos de suspirar e levar ao delírio. os dois começam uma cena pré-coital que nunca acontece fora dos filmes - e eu me pergunto "por que, hein?".

quando começa a esquentar, os dois pombinhos, que em menos do que os 2:32 da música já estão quase no ato sexual propriamente dito.

fade out.

é lindo. maravilhoso. leva a mulherada ao delírio pensando em como johnny tirou a virgindade de francis de forma que a moça no dia seguinte estava confortavelmente com um par de calças apertadíssimo. ahhhh, hollywood...*

***

o fato é: mulheres sozinhas não podem assistir a esse filme. porque aquelas acima de 20 anos (como as infelizes que ontem assistiram ao filme parecendo filhotes, se abraçando) ficam naquele suspiro bobão: "ah, why not me?/ por que não eu?". aí, se juntamos ao evento algumas garrafas de vinho de qualidade duvidosa, é batata: surge uma idéia imbecil.

"por que não dançamos um pouco de dirty dancing?"

eu não sei porque eu topo fazer essas coisas. só sei que tudo acaba num borrão meio indistinto de mulheres meio bêbadas, dançando twist na sala de um apartamento micro, com o som baixo e controlando os gritinhos e risinhos histéricos (senão os vizinhos reclamam).

isso porque em 2006 eu faço 1/4 de século. olha a dona maturidade batendo na porta.

aí eu volto para casa cedo (amanhecendo), com gel+purpurina nos cabelos (para aquele look molhado tão fora de moda), usando uma jaqueta vermelha de couro falso (eu me pergunto o quê minha amiga pensava quando adquiriu a peça), muito lápis de olho, para o visual gatinha e uma dor de cabeça maior que o mundo.

nunca tive tanta vergonha da manhã seguinte na minha vida. eu tinha uma reputação a zelar.

por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
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