mais um adjetivo para volúvel ->
1.02.2006
mágoa
Mancha ou nódoa proveniente de contusão.
Desgosto, pesar, tristeza.
Segundo minha mãe, mágoa é algo sentimental, ou seja, vem dos sentimentos pura e simplesmente e indepente de ações, reações e afins. Tanto faz se algo foi feito, o magoado sente que houve algo. E não há nada pior do que tentar fazer alguém desacreditar de algo que não aconteceu. Não há prova no mundo que comprove um "eu tenho certeza que você não me aceita como sou". Vai lá, tente dizer com palavras calmas e jeito prático que você não fez nada. Ou melhor, que você não tem problemas de aceitação com ninguém. Vai ouvir que é mentirosa/mentiroso, além de insensível.
De algum modo, faço o link com a mulher que disse que um pitbull comeu seu recém-nascido. A gravidez foi psicológica. Quem é que vai brigar com a moça e dizer que ela é que precisa de umt ratamento psicológico? Para ela, não existe nada além ad tristeza do filho que o cachorro demoníaco devorou sem dó nem piedade. Diga para ela que não há traços de sangue humano nos dentes do cachorro que ouvirá um impropério e uma saída tempestuosa fouccaultiana.
É necessário entender que a tal nódoa é proveniente de uma contusão.
Contusão - Lesão produzida por objeto contundente.
Contundente - Que contude.
Contundir - Ferir-se.
Nem o dicionário me diz com o quê eu me contundo, tu te contundes, ele se contunde. É ferir. E ferida é algo que eu faço quando estou lavando as facas, quando pisam no meu pé ou quando penso no que poderia significar uma porção de fragmentos de momentos que, por já estar formando a nódoa, escolho para 'compreender a situação':
- o dia em que houve o atraso de 15 minutos e meio, depois da conversa x, em que certamente houve o primeiro indício perceptível de um objeto contundente.
- a primeira ação do objeto contundente (como nunca havia percebido????????) naquela frase que parecia tão inocente.
- depois disso, é mais que fácil perceber a manipulação terrível, em que os nobres sentimentos foram conduzidos a um poço sem fundo.
- realmente, há mil e uma nódoas no peito, apertando o coração.
Incrível como o nada torna-se fértil. Eu particularmente me assombro. Tenho tentado, nos últimos anos, quebrar esse círculo vicioso do "eu-acho-portanto-é-verdade-indiscutível". Custa perguntar? Fazer aquilo que se chama de "mandar uma real" e, com todas as letras pronunciar aquilo que como tempo se torna impronunciável:
"Porra, fulana/fulano, você está usando um objeto contundente em mim, causando inúmeras nódoas no meu peito e destruindo aquilo que tínhamos como tão bom?"
Na cara, nada de conversas via Messenger. Essa mania online pára de funcionar quando há uma descofiança maior que o fato envolvida. Senão, vira o que eu acabei de reparar hoje. Eu, a tal portadora de objeto contundente (imaginário, convém dizer), mal sabia que contundia e causava mágoas. Virou bola de neve. Antes que pudesse perceber, a magoada criou um mundinho particular em que sou a vilã número um. E num ciclo impossível de ser quebrado em pouco tempo, ela mesma contunde e causa nódoas em mim. Longe de ser má assim, sem querer.
Só que, sinceramente, eu já passei da fase de guardar no peito. Pelo amor dos Santos, a vontade é de enfiar a mão na cara, para ver se a crise de criancice passa.
Se eu já contundi sem nem saber, acho que o melhor mesmo é me tornar vilã confessa. E largar a mão.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 1/02/2006 02:39:00 PM
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