mais um adjetivo para volúvel ->
11.01.2005
momento (de) acredoce
eu fui a bonequinha da minha irmã, que me vestia de rosa da cabeça aos pés. fui a boneca da minha prima, que me colocava em todas as competições que a mãe dela nunca a deixou participar. eu era "o companheiro" de futebol do meu irmão.
lá pelos 5 anos, eu me rebelei. passei a usar os chinelos do meu pai, deixei os cabelos rebeldes, usava as roupas rosa para correr pela rua e me sujar na lama. aprendi a andar de bicicleta com um vestidinho que virou trapo. eu usava o colant vermelho com listras amarelas por baixo do uniforme do colégio e usava minhas botas verdes de plástico.
um dia, a família ia ao cinema. ver goonies. eu decidi que iria. minha irmã tentou me vestir. eu não deixei. meu pai também falhou. cheguei no maior cinema da cidade, naquele thrill do filme do spielberg, todas aquelas pessoas bem arrumadas na porta, eu saí do carro. vestindo chuteiras tamanho 42 do meu pai, uma camisola herdada da minha irmã (de blusa) que vinha até as canelas e tinha um desenho de um navio imenso e uma bermuda do meu irmão com flores havaianas. os cabelos? nada de tranças ou maria-chiquinhas. sem pentear. black power, praticamente. e - aposto - com um sorriso diabólico no rosto.
se alguém me pergunta de onde vem meu senso fashion, eu agora sei dizer: experimento desde criança.
(nem sempre com muito sucesso).
e ainda hoje tento. reformei as calças de soldado do meu pai, limpei os cintos coloridos de plástico de minha mãe, as camisas sociais, antes tão severas e usadas com parcimônia, hoje são enfeitadas com fitinhas e botões coloridos. e a-do-ro usar uma camisa de babados jeans que usava quando tinha sete anos. já me ofereceram 70 reais por ela.
mas não se assustem: a moça hoje sabe combinar. e - felizmente - só sai com os cabelos controlados por sessões de bobes azuis, lenços e penduricalhos. os sapatos? confesso, amo meus tênis e bota-de-motociclista (que tem mais de 10 anos de uso).
mas lá estão as lindas sandalinhas e sapatos de salto.
todos tamanho 36.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 11/01/2005 01:23:00 PM
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