mais um adjetivo para volúvel ->
8.07.2005
"A pior coisa do mundo é olhar para todos os lados e não ver ninguém"
Adoraria saber porque crescemos num mundo dominado pelo final feliz. Porque, pensando praticamente, o final desta vida vem com a morte, sua ou da outra pessoa. Então, pensar que uma promessa ao pôr-do-sol com uma musiquinha de fundo e um fade out lento seja o que se espera de um final feliz, não há razão para divórcios, brigas etc. Até porque, o resto da vida seria uma repetição deste momentinho chamado fim. E nada mais deprimente do que viver a vida repetindo o seu final. Portanto, o final feliz não existe de verdade.
Mas, ao mesmo tempo (toda moeda tem dois lados), eu compreendo perfeitamente que o final não é o fim. E que, na verdade, o zoom out, a musiquinha e a promessa, são indicadores de uma vida que segue, cheia de perfeiçoezinhas e com briguinhas de sonho.
E mais importante, a cultura nos diz que é melhor sofrer junto que ser feliz sozinho. Portanto, todas as pessoas sozinhas vivem na pressão de encontrar alguém para não serem parte da estatística dos solteiros, principalmente depois de uma certa idade, cada vez menor. Solteiro é sinônimo de rapazes que, ou são gays, ou têm sérios problemas de relacionamento ou que são galinhas que não vão conseguir nunca participar da alegria irrestrita da relação monogâmica no "até que a morte os separe". Mulheres, então, recebem logo o rótulo de "solteironas", ou "ficam pra titias", ou que são lésbicas infelizes e recalcadas. Queriam muito casar mas nunca acharam um marido.
Eu queria entender essa relação. Alguém deve estar se perguntando qual o gatilho desse texto. Eu digo: eu ontem fiquei conversando com um daqueles casais que só pensam no plural e usam a mesma agenda. Eu fiquei pensando no que leva um pessoa a esquecer o eu para falar somente nós. "Nós temos compromissos", "nós escrevemos na nossa agenda", "pedimos aos nossos amigos"... Eu fiquei ouvindo aquilo, nervosa, vendo o nós(feminino) e o nós(másculino), uma psso de distância um do outro, sem se falar nem uma única vez, mas sabendo ao certo o que o outro queria, pensava, dizia. Eu juro que cheguei a achar fofo no comecinho (olha a tola romântica falando), mas depois foi somente... constrangedor para mim. Acho que pensamentos coletivos são para momentos isolados.
Acabei me despedindo rápido e voltando para casa. Feliz por não ter que defender cegamente ou obedecer fielmente,o ponto de vista de ninguém.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 8/07/2005 11:44:00 AM
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