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8.11.2005

girl with kaleidoscope eyes

eu percebo muitas vezes a loucura que criamos. deixando claro que a generalização é somente ilustrativa. seja lá o que isto signifique. ok, a loucura é minha.

o fato é que estou precisando urgentemente compreender o tempo. há muitos anos eu me viciei em leituras de tarô porque queria precisar o futuro. todos os meses eu ia fazer a leitura e, solene, descobria que para além de todas as coisas, eu queria descobrir de antemão as respostas para todas as minhas questões. acho que, em parte, era medo das respostas. ou medo do que poderia acontecer... pense só no que pode significar uma pequena ação que parecia inofensiva, ou numa palavra dita sem maiores conseqüências. Catastrófico. por outro lado, também é de se imaginar que saber sempre tudo de importnte estraga o frio na barriga. o fato, real e verdadeiro, é que raramente as coisas aconteciam como eu imaginava. elas aconteciam,sim, mas eu estava tão absorvida nos acontecimentos fantásticos que imaginava que o fato virara uma pedra no sapato.

descobrindo que era melhor viver sem pedras ou expectativas para o futuro, resolvi deixar as leituras de tarô mensais e hoje consegui vencer o vício.

mas eu penso na minha memória. sobre ela. com ela. lembro que já dei importância demais para fatos completamente esquecíveis e chutei para escanteio coisas que hoje em dia me são muito queridas. o passado não se pode mudar, não importa o que digam ou o que a equivocada reportagem da veja (não veja! não veja!) possa dizer a respeito de viagens do tempo. aquilo foi pore foi naquela hora. no momento em que acontecia, não parecia, assim, um equívoco tão grande importar ou deixar de se importar. só ouço a sabedoria popular dizendo que o melhor é esquecer. mas, penso bem, imagino que esquecendo vou esquecer também de aprender com esse erro e irei mais uma vez cometê-lo? e de novo ficar remoendo?

tudo o que já aconteceu de ruim comigo, eu levo. para não repetir. mas acabo deixando para trás as coisas boas, talvez. agora, puxando pela memória, fica difícil dizer, mesmo sem precisão alguma.

o fato é que eu gostaria que eu pudesse, no presente, saber o que fazer para que eu possa colher louros no futuro e não me arrepender do meu passado.

o fato é que eu gostaria que eu pudesse, no presente, deixar o passado de lado e aprender de uma vez por todas que o que passou, passou.

o fato é que eu gostaria que eu pudesse, no presente, saber ao certo se o que faço é o caminho certo para fazer parte desse caminho.

fato, mesmo, é que eu gostaria de algumas coisas e não sei se elas serão passado ou futuro. tudo passa, tudo vem. essa generalização me mata, de vez em quando.

por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 8/11/2005 10:24:00 PM |