mais um adjetivo para volúvel ->
5.09.2005
Indignação
Janela Indiscreta. Eu e meu lado voyeur ficamos desde ontem espiando o vizinho da frente, um cara de meia idade que fica na frente do computador o dia inteiro e parte da noite, em suas... roupas de baixo (se é que podemos chamar as roupas de baixo masculinas de roupas de baixo. Mas, enfim...) Ele - apelidado carinhosamente de Cuecão, estava às voltas com a impressora, meio ocupado demais. Achei que, enfim, chegava o momento pelo qual ele tanto trabalhou. Na segunda, acordo com Cuecão bem-vestido, e um cara com ele, no escritório. Não pensem besteiras, caro leitor/cara leitora. Os dois moços estavam em um debate acirrado acerca das folhas impressas e de algo que tinha algo de avermelhado na tela. Não cheguei a ver o conteúdo, embora tenha chegado a conclusão de que Cuecão não é nem revisor, nem contador... aquilo definitivamente não era uma tabela de excel.
O fato é que o amiguinho que estava com Cuecão não gostou do que viu e após cinco horas (aproximadamente ou afastadamente) saiu. Meu amigo voltou para o computador e arrasado, ainda deu uma olhada nos papéis, na tela do PC. Deu um telefonema olhando para a rua alguns andares abaixo - estaria ele pensando em terminar com sua existência? - para logo depois fechar as persianas e sair.
E essa é a primeira noite de semana que não vejo as roupas de baixo, já tão conhecidas, saracoteando pelo escritório. Tudo escuro.
***
- acredoce, minha filha...
acredoce finge não ouvir, pois está tentando descobrir quem é Lou Reed.
- acredoce...
Eu - acredoce, prazer - respondo, meio blablação, sem querer saber o que seguiria as reticências.
- ... você tem que aprender a limpar a cozinha.
Cozinha? Ahn? Como? Ah, cozinha. Fim de tarde. Tentativa de fazer salgadinhos. E na segunda fornada acaba o gás. É. Puxa, está tudo na pia, não é mesmo?
- Não. Eu lavei tudo.
Eu me perguntei porque então quebrar a minha concentração, se não era para fazer nada além de ouvir. Mas, se eu perguntasse, ouviria o dobro. Deixei pra lá.
***
Hoje eu descobri que a melhor coisa do mundo é saber que a liberdade não tem preço. Eu hoje pude sair para finalmente comprar um batedor de ovo sem ter que me preocupar em estar atrasada para um ensaio, aula, ou escritório. Mesmo afônica e com um pouco de febre, foi um momento de muita felicidade.
***
Alguém sabe como ganhar dinheiro escrevendo aqui? Porque eu já estou prevendo que as minhas monografias vão pontuar o fim de uma conturbada vida acadêmica que nunca começou.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 5/09/2005 10:40:00 PM
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