mais um adjetivo para volúvel ->
4.06.2005
Stay
Tão perto, tão longe.
Você pára para comprar cigarros.
Você não fuma.
Nem quer começar.
Aqui está o seu troco.
E se a vida fosse tão simples asism que doesse de tão boba, nem iriam aparecer e despontar os pequenos prazeres ao estilo Amélie Poulain do dia-a-dia. É importante saber como encontrá-los.
Digo porque ainda não tenho os meus.
Eu minto quando estou na comunidade "Prazeres Amélie Poulain" e que adoro mergulhar minha mão num saco de grãos. Eles proíbem este tipo de conduta na mercearia perto de casa. Concordo, pois não é lá muito higiênico mãos vindas não-sei-de-onde nos grãos alheios. Não tenho nenhuma represa para jogar pedrinhas. Além de não saber fazer com que as pedrinhas quiquem na água. Invariavelmente, elas afundam. Eu costumava andar com a janela do carro aberta, mas um quase-sequestro me fez repensar a idéia.
Meu pseudo-orientador veio falar que tem raiva dos filmes com bela fotografia. Meu verdadeiro orientador reconhece o valor do cinema formalista. Eu sempre achei lindo, lindo, lindo o que é feito para ser lindo, lindo lindo, mesmo que não seja lindo, lindo, lindo. E que apagar velas não é tudo, mas tem seu charme. E ter charme, me desculpem, é essencial.
Eu dia desses travei um combate entre corpo e mente. Estava conversando com uma amiga que me recomendava, enfática, que me tornasse uma mulher devassa. Primeiro, tive que buscar na memória o significado da palavra. Eu o colocaria aqui, mas não há um dicionário disponível. Fico devendo. Pensei então que realmente poderia ser uma boa solução, caso eu soubesse como ser devassa no Rio de Janeiro. A amiga me apontava que eu precisava aprender a me desapegar e a viver o aqui e agora. Eu fiquei pensando... "passar o rodo", "sair pegando", "beijar muuuuuito" são perspectivas tentadoras, eu tenho que concordar que há um certo frisson em me imaginar em versão uncut. Só que, ao mesmo tempo, a vida não permite... As dicas foram:
- conhecer todos os motéis;
- deixar todas as exigências de lado;
- dar para todo mundo;
- beber mais;
- ser menos pudica;
- deixar de ser inocente.
Como assim? Deixar de ser inocente? Mas é verdade. Porque depois dessa conversa, saí com essa amiga e outra para um bar. A conversa era: "A Verdade Sobre os Relacionamentos". E eu, com cara de tacho, compreendi que pouco - ou melhor, quase nada - compreendia desse universo em que há um nível de possessividade e de ações pouco lisonjeiras que levam o amor-lindinho para a frente. Eu, que nunca realmente existe em um relacionamento de longa-data, que ainda sinto culpa dos relacionamentos para os quais fui causa mortis, e que embora a minha conversa seja mais do que as gírias habituais, ainda existe uma forte Pollyanna que mede minhas ações, eu senti subindo pela espinha uma sensação de talvez não possuir o que é necessário para me encaminhar rumo a esse mundo do par.
Mesmo que Um Seja o Número Mais Solitário.
Amedronta... Mesmo que eu seja uma pessoa difícil, quase-impossível, eu estou vendo que melhor é continuar assim. Detesto o "melhor ser triste e ficar junto do que ser feliz sozinho". Isso, nunca.
Mas ainda quero o casamento de margarina.
Ser devassa, portanto, é complicaaaaado.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 4/06/2005 02:54:00 PM
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