mais um adjetivo para volúvel ->

 

4.05.2005

E Deus criou a TV

Desde a mudança, a televisão parou de funcionar. Ou melhor, ela só pega o canal 2, TV Educativa. Já passei muitas noites vendos os especiais e os programas daquela TV e cheguei à conclusão de que eles realmente precisam de uma revisão. Nada contra Rá-Tim-Bum, nem Sérgio Britto, nem Sem Censura, nem alguns poucos outros, mas - nossa! - existem alguns programas que deixaram a produtora cultural em mim horrorizada e a atriz, escandalizada.

Mas, me desculpa, o que é o Comentário Geral? Alguém vai querer me matar e eu sei que vou receber algum e-mail, seja hoje, seja mais tarde, que vai querer me crucificar, mas aquela garota - ou a sua figurinista - é daltônica e aquele menino é meio hiperativo. Poxa, eu sei o que são os cortes orçamentários, eu compreendo perfeitamente. Mas nada justifica. E eu sei que o moço apresentador é inteligente, só que "o menos realmente é mais".

Palmas para a entrevista de Gilberto Gawronsky - sempre lindo, sempre eloqüente - para Sérgio Britto - sem comentários. Ele É. - e para o Sem Censura, que mesmo sem nada de interessante tem alguma coisa interessante. Isso é raro.

Mas, mesmo assim, eu tenho meu pé de barro, de lama, escorregando... Por isso a crítica, porque meu telhado é inexistente e sei das pedras. Sinto falta de uma TV a cabo. De ver as besteiras do Carson em Queer Eye for the Straight Guy, ou de saber se o Grissom vai ou não pegar a feiosinha. Isso faz bem, por mais que meu pseudo-orientador diga que não. Se entretenimento é uma droga, eu sou viciada. Nada de VTVA (Viciados em TV Anônimos).

Minha mãe chegou a contar que depois de um mês sem televisão, ficou olhando, embevecida, para o William Bonner e a Fátima Bernardes apresentando o Jornal Nacional pela vitrine de um salão de beleza. E isso, caro leitor/cara leitora, é triste.

É ouvir os gols do FlaxFlu sem saber quem estava jogando, é só saber do papa ao ler no Placar Eletrônico da Ponte Rio-Niterói "PAPA EST. GRAVE - OREMOS" e "PAPA FALECEU - OREMOS", é ouvir "viado filho da puta" ao fim do big brother, sem saber que era fim de big brother, sem saber dos finalistas... É só ler no dia seguinte que o Severino Cavalcante é homofóbico, que a avó do verdadeiro Sítio do Pica-Pau Amarelo morreu há duas semanas, é não entender quando alguém faz menção ao último capítulo de Senhora do Destino, é não saber o fim da Nazaré, é desconhecer América para poder falar mal, é não ouvir o boa-noite do William Bonner e suspirar, é não poder comentar o capacete-cabelo da Fátima Bernardes, é não saber das rebeliões, dos terremotos e das desgraças (e isso é bom), é ler só no MSN sobre a comitiva brasileira rumo ao Vaticano, é sentir falta das propagandas que sempre se repetem do GNT, do People+Arts, é só ouvir quem a Marília Gabriela vai entrevistar, é não saber da morte do não estudante da UFF no Campus da UFF - absurdo, absurdo...

O mundo gira. E eu fico pensando que não deveria ter compradoa minha escrivaninha antiga. E que não deveria estar fazendo duas monografias. Porque tudo é complicado... ô.

por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
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