mais um adjetivo para volúvel ->
2.07.2005
Desejando o Impossível
Geralmente, chega do nada. E toma conta dos pensamentos, pouco a pouco e quando nos damos conta, já é tão parte do dia-a-dia que não nos preocupamos em preencher o desejo entre as escovadas nos dentes, nos cabelos e a xícara de café-com-leite. Chega de mansinho, como toda vontade, parece que vindo de trás do estômago e sobe pega espinha, pela garganta - devagar, sempre - chega na boca, no nariz, nos olhos e finalmente vai se alojando no cérebro.
Aí é caso perdido. E não há exorcista no mundo que faça o coração parar de bater forte, traga para a garganta o sentimento de normalidade, sem nós para travar o ar.
E o medo? De não ter mais esse gostoso sentimento de advinhar o perfume no ar gelado, medir em pensamentos boca e saliva, sentir na alma o peso que o corpo provavelmente nunca terá para aquecer uma noite já fervilhante de verão. É a dor de querer o que não se tem e quando não se pode querer nada além do que já é, um flash de realidade tão assustador quanto a sinistra vinheta do Plantão da Globo.
Vale uma pessoa inteira querendo outra? Ou uma pela metade, sem ter o que querer? Vale imaginar e esperar? E o que seria esse esperar? Algo de sonho e sem prática, por um desejo - além do próprio desejo - de se estar completo por mais do que algumas horas? Ou estar vazio mesmo preenchido até a boca?
Porção de dúvidas que transformam a visão em mera espectadora de tudo e nada e que sempre voltam à tela da televisão, pouco importando o filme que passou.
Did I say that I long for you? All the time?
Que triste é esse negócio de querer...
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 2/07/2005 01:41:00 AM
|
