mais um adjetivo para volúvel ->
12.02.2004
Sinal de Forca
É ótimo ser observadora dessas relações em que uma pessoa não tem idéia de que é odiada pela outra e tenta, desesperadamente, ser amigo.
Eu posso dizer que acompanho um caso de perto. Uma felicidade, uma vez que se trata de uma pessoa que admiro muito e uma das poucas que pode se dar ao luxo de ser mal-educada. Quem acompanha o blog *cricket, cricket* sabe quem é o professor Lobato e seu aluno puxa-saco.
Pois na semana passada ele tentava, depois da aula, sair conversando e dizer algo interessante para o distinto senhor que simplesmente conversava com os outros e andava como que o pobre rapaz não estivesse lá. É interessante apontar que ele (o rapaz) parece pensar que o distinto professor gosta dele. Comentário entre duas alunas maldosas (eu e uma amiga), vendo a estranha dupla sumir em um corredor:
- Tem gente que não se toca.
- Que coisa mais patética.
E quando parecia não haver mais nenhuma novidade no fala-que-eu-ignoro, eis que o mundo prova que, sim, tudo pode piorar, sempre (ou melhorar, para esta maldosa observadora). A aula já estava na metade, poucos alunos, notícias interessantes. A porta é aberta. Lobato vê o tal garoto, que diz, com um enorme sorriso e um adesivo de campanha universitária na camiseta vermelha:
- Professor, nós queríamos--
O professor continua a falar. O garoto espera, por uns 30 segundos, ele terminar a frase. Mas Lobato continua, sem nem olhar para a porta. Mais trinta segundos. Eu não consigo deixar uma risada morrer na garganta. O garoto, sem-graça, sai e fecha a porta. Eu deixo escapar mais uma risada. Talvez de alívio. Não gostaria nunca de ser o alvo. A aula terminou com uma conversa sobre lugar-comum. No cinema. Não nos deixemos levar pelos lugares-comuns na vida, essa crença nos sinais que regem cada momento. Lá no fundo, mesmo, só existe você e o universo.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 12/02/2004 12:11:00 AM
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