mais um adjetivo para volúvel ->
12.19.2004
Para ver a banda passar
Estou vendo a beleza de todas essas pequenas composições que nada têm de poéticas, mas que vêm do coração... E essa conversa de 'vir do coração' não é nada além da pesquisa dos efeitos que causam, por onde passam.
Exatamente. Canções de natal.
Ontem estava no supermercado, cheatada por não poder comprar o que eu queria e precisava, mas ouvindo a voz de Ivan Lins a falar de renas, luzinhas coloridas e jesus cristo na manjedoura. "Então é natal...", como manda o figurino, os sons têm sinos e o resultado é bem deprimente. Minha mãe se assusta quando finalmente se dá conta de que "esse é o Ivan Lins cantando? Nunca pensei que ele cantasse esse tipo de música...".
Aí chego a primeira conclusão natalina: todo e qualquer artista, vai, um dia, ser parte ou todo de um CD de Natal.
Já hoje, no meio das compras natalinas, vimos o que minha mãe sabiamente chamou de "artigo para uma coluna do xexéo": uns dez jovens, vestindo roupas nike, tênis importados, passavame pela feirinha de artesanato local e 'pediam' uma colaboração, que teria que ser de, no mínimo, R$ 5,00. Cantavam musiquinhas natalinas aos berros a cada nota colocada na caixinha. E cada dono de barraquinha já estava com o dinheiro na mão. Ninguém se recusou, ninguém cantou junto.
E vem a segunda conclusão natalina: assaltos e arrastões natalinos parecem bem mais alegres do que os do resto do ano.
Seguimos pela rua, comemos o melhor acarajé do mundo e vamos dar uma volta pelas lojas. Acabamos nos sentando para tomar uma coca-cola, já que esta escritora aqui começou a passar mal por conta do inferno das ruas e o suor que prolifera mais e mais, e vemos famílias e casais fazendo suas compras. Nem um sorriso no rosto. São mães puxando as filhas pelo braço, namorados de cara amarrada e respectivas namoradas amuadas e olhando para o modelo mais caro de celular na loja, pelo canto do olho.
Terceira conclusão natalina: natal só era alegria antes dos shoppings, amigos ocultos do escritório, de casa, dos amigos, dos outros amigos e dos colegas da academia, e dos celulares que custam mais do que o saldo no banco.
Antes de voltar para casa, resolvemos dar uma passada na loja de plantas. Eu queria somente uma muda de alecrim e um remédio para os pulgões. Mas acabamos gastando quase trinta reais em plantinhas decorativas e mudinhas lindas que nunca duram mais de um mês no jardim.
Quarta conclusão natalina: não importa se vamos na padaria, na loja de plantas ou de ferragens. Em época de festas sempre saímos cheias de sacolas e com o sentimento de
que gastams mais do que precisávamos, realmente.
Última conclusão natalina: a de que mesmo com o calor, o suor, os problemas, os estresses, as músicas depressivas, os preços absurdos e todo o resto, ainda assim, vale a pena sair de casa só para ver que, embora tudo esteja tão ruim, a gente ainda se pega olhando com alegria infantil para as luzinhas piscando nas janelas, nas praças, nas varandas, nas lojas, no batalhão da PM...
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 12/19/2004 06:11:00 PM
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