mais um adjetivo para volúvel ->

 

11.19.2004

For a long time, I was in love


Fui para o ensaio e chegando lá, vi que não podia perder tempo. Saí e disse que voltava logo. Com vintei reais na carteira, entrei no primeiro salão de beleza que vi e perguntei o preço do corte. R$ 30 reais. Andei mais uns dez metros. Outro salão. O preço? Exatos R$ 20. Pronto, achei.

Entrei, falei:

- Quero cortar.

Esperei um pouco e olhei para uma foto na revista. Chegou uma loura com cabelos oxigenados, mal-pintados, um top que deixava à vista aquilo que as mulheres de bom-senso escondem e um estranho piercing no nariz. Gelei mas não desisti. Apontei para a foto.

- Assim.

Ela começou a cortar, sem dó. As lágrimas me subiram aos olhos, mas o rímel não era a prova d'água. Quinze minutos depois, ela pegou meus cabelos do chão, colocou numa sacola de supermercado, estendeu o saco com meus restos mortais, sorriu e disse:

- Pronto.

Paguei. Uma mulher do salão me deu um sorriso. Parecia querer saber o que me fez cortar os cabelos. Talvez pensasse que fosse uma briga de namorados e eu, Glenn Close que sou, ao invés de cozinhar o coelho, matei meus cabelos. Saí. As mãos estavam tremendo.

Voltei para o ensaio. Todo mundo parece ter gostado. Depois, comprei uma presilhas, coloquei no cabelo. Pelo espelho retrovisor do carro, eu via uma pessoa diferente, mas que se parecia um pouco comigo. Não dei muita trela.

Chegando em casa, meu irmão até desligou o telefone, de choque. Minha mãe pulou da cadeira. Meu pai me chamou de "menininho". Minha irmã me chamou de "louca corajosa".

Não quero mais me apegar a nada.

por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 11/19/2004 10:29:00 PM |