mais um adjetivo para volúvel ->
11.27.2004
Deixe-me Editar meu Perfil
Agora está na moda. Perfil. Seja onde for, seja necessário ou não, lá vêm as perguntinhas que cismam te colocar na delicada posição de se descrever. Orkut, Multiply (o primo pobre), Hotmail, MSN, ICQ, Soulseek, Americanas.com, Submarino, aquele site que vende coisinhas da Hello Kitty pela metade do preço...
Ah, bem, hm, eu sou branquela, com os cabelos vermelhos, curtos, enrolados. Gosto de passeios de carro, de bolo de maracujá com nozes, suco de goiaba (se bem que estou com uma vontade imensa de toamr suco de melancia desde ontem) e procuro um rapaz sincero, educado e elegante (ah, e que seja bonito também, né?).
Eu adorei aquele último filme do Jim Carrey, chorei quando o Luke finalmente deu pra Lorelai e me amarro em ver as mudanças do Extreme Makeover.
Plástica? Ah, não, não... Eu me amo como sou.
Mesmo. Não faria nunca.
Mas, se um dia eu tivesse dinheiro, fazia uma lipo, colocava uma prótese no queixo, aumentava isso, diminuía aquilo, colocava botox aqui, ali e lá, e também tirava essa pelezinha aqui.
Mas eu me acho linda como sou.
Eu ouço de tudo. Beatles, George Michael, Prince, Aimee Mann, Liz Phair, Elis Regina, Maria Bethânia, Gershwin, Beethoven, Radiohead, Portishead... precisa dizer mais? Ah, Linkin Park. E aquela música do novo comercial da Coca-Cola é tuuuuudo di bom.
Eu amo todos os tipos de comida. Amo salada. Peixinho grelhado. Quase não como doces. Ou sorvetes (engordativo...). Sushi. Hm. Sem o peixe cru *eca*. Ah, enfim, sei lá, eu como de tudo. (sem segundas intenções, tá?).
O interessante é manter isso tudo no pequeno universo da verdade. O que uma pessoa responde quando perguntam qual a sua melhor qualidade? O seu pior defeito? Ou, pior ainda... Descrição. Só isso. Descreva para mim você. Em até 200 caracteres, é lógico. Porque as pessoas importantes como Winston Churchill e Albert Einstein têm biografias de 800 páginas e o Kenneth Branagh escreveu a sua antes do 40 e com mais de 300 páginas. Mas você, Zé Ninguém, Palerma, pode dizer tudo em até 200 toques no teclado, não?
Então vêm a parte mais interessante. A foto. Só uma pessoa sem a mínima noção - elas existem, eu sei - colca uma coisinha qualquer, aquela que foi tirada no churrasco do amigo da prima, você já com algumas cervejas a mais, meio quilo de churrasco na barriga, um sol de lascar, com aquele sorriso forçado para a mãe do anfitrião, que quis "eternizar o momento. se espremam, aí! Xis!". Já as outras pessoas, como eu, começam a buscar em todos os lugares, possíveis e impossíveis, alguma coisa que não pareça tão esquisita. Afinal de contas, aquilo é como as pessoas irão me ver. Um cartão de visitas, em que personalidade e "jeitinho meigo" não contam. Fútil ou não, isso acaba sendo uma dor-de-cabeça imensa. E eu nunca estou satisfeita com o resultado. No meu desespero de Desconhecida, fico com a câmera digital a tira colo.
Agora, em momentos de lucidez, eu acabo me perguntando a razão disso tudo? Esse tal de perfil que está sempre asso,brando a mente perguntando seu tipo de comida favorito e esperando que você não responda o primeiro - e válido - pensamento: "ah, sei lá...". Melhor fez um amigo, que deu uma de Valmont - vide Ligações Perigosas (1986) - e:
*ele é internacional.
Perfil: not interested in Profile
Cidade: not interested in Hometown
Filmes: not interested in Films
TV: not interested in TV
Música: not interested in Music
Comida: not interested in Cuisines
Durou apenas uma semana. Recebeu em algumas mensagens o apelido de misterioso e acabaram apontando aquilo como algo sexy. Eu achei aquilo um apelo silencioso nesse mundo tão ligado nos perfis. Ele sacudiu os ombros e disse que estava de "saco cheio" quando escreveu aquilo.
Enfim...
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 11/27/2004 04:12:00 PM
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