mais um adjetivo para volúvel ->
10.06.2004
Seguindo uma trilha
Existem fases na vida em que tudo parece desandar. Enquanto há épocas em que a maravilha flui, sob as formas mais diversas, outras nos dizem que a vida é nietzscheana, não passando de uma mentirinha boba.
Eu estava converando com um amigo nietzscheano sobre a vida. Em algum ponto da conversa, entre um joguinho de "você sabe quem é o meu ator predileto?" e uma tequila - estava frio, ok? - eu sinto aquela vontade enorme, aliás, é mais do que pura vontade, é uma necessidade, de dizer que ele vai se divorciar logo-logo. E eu disse, mesmo colocando em cheque uma amizade já um tanto conturbada. De início, ele pensa ser uma cantada; diz que está "superfeliz"; diz que tem "vários momentos felizes"; diz "não, não... está tudo bem". Depois, me olha:
- Por que você está dizendo isso?
Bem, a causa é desconhecida. É que às vezes a frase vem, sem nem tentar. E eu, tola que sou, tentei explicar a natureza poética, de receptora de uma mensagem, para ele. Logo ele, cujo livro de cabeceira é Dostoévski. Justamente aquela pessoa que me deu O Nascimento da Tragédia para me fazer parar de crer que os Deuses Gregos existiam e existem.
- Os aedos não existem há tempos. Aliás, sequer existiram, de verdade.
Aedos são as figurinhas na Grécia Antiga que recebiam mensagens divinas, sendo meros suportes orais para a difusão da palavra das divindades.
- O pensamento mítico foi derrubado antes de Cristo, querida acredoce. A vida é vivida para o nada. A vida é feita para ser negada.
Para ele, eu sou louca. Não é possível negar a vida e muito menos o que vivo. As minhas experiências me levaram a crer que a mentira não passa no teste do tempo, na mesma proporção em que a verdade é uma experiência pessoal. O resto, é pura nomenclatura.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 10/06/2004 12:33:00 PM
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