Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas
Sem poder me virar, seguir em frente, ou chegar a uma conclusão, eu me sento e escrevo, sem saber muito bem o quê.

mais um adjetivo para volúvel -> The current mood of acredoce at www.imood.com

 

10.24.2004

Momentos que ninguém gosta nunca de viver

Hoje minha mãe foi viajar. Com o coração na mão, uma dor de cabeça de pura preocupação e tendo a certeza de que não verá mais o cachorro. Ele continuava sem comer, beber e mantinha a cabeça baixa e o olhar distante. Meu irmão, trancado no quarto e num mau-humor incrível, não havia chamado o veterinário ainda. E eu pensando que ele já tinha resolvido tudo, perfeito que é (implicância normal...).

Levei-a ao aeroporto, enquanto meu pai tinha o desejo de ir embora o mais depressa possível - ele sempre detesta ficar esperando para o embarque, no aeroporto - e prometi tomar conta do jardim dela e colocar o lixo para fora, na segunda e na quarta-feira. Sim, eu vou tirar o lixo. E regar as plantas as 9 da manhã.

Na volta do aeroporto, trocando duas palavras com o meu pai, passei no veterinário. Comos empre, a sinceridade da senhorita que vos escreve fez com que a doutora não quisesse ir até minha casa. Foi preciso convencê-la de que, mesmo que o cachorro fosse morrer ainda hoje, que queria que ela somente dissesse: "É." E ainda receberia a consulta.

- Olha, mas eu não pratico eutanásia - ela me diz, ajeitando rabo-de-cavalo.

- Que bom, porque senão teríamos uma briga séria.

Ela veio. Olhou. Ele quase não se mexia. O cheiro é terrível. Mas demonstrar isso para um animal que me acompanha por mais da metade de minha vida, seria imperdoável. Ela me diz que ele está com nefrite, além de problemas outros, que somam aos seus problemas habituais. Mas que não morreria, caso fosse internado.

Meu irmão tinha saído. O cachorro é dele. Meu pai estava na sala, vendo televisão. Eu fiquei sozinha olhando, com cara de panaca, para a veterinária. Desatei a chorar, pois, afinal teria que decidir. Havia a possibilidade de Krug morrer em casa ou numa clínica (sem ninguém da família por perto). Eu juro que nunca tive que tomar uma decisão tão difícil. Deixar o companheiro ficar num local onde a partir das dez, não teria supervisão - a não ser do moço que toma conta do local. Eu sentei ao lado de Krug e vi seu olhar distante, que já não focava mais no meu rosto. A veterinária foi andar pelo jardim, tentando criar uma certa atmosfera de privacidade. Eu queria minha mãe.

Optei por levá-lo à clínica. Lá, pelo menos, haverá uma chance (e mudei o tempo do verbo pois estou pensando daqui para a frente). Improvisamos uma maca de um lençol - e lá sei eu qual lençol é velho e qual não é? - e fomos para a clínica. Krug estava assustado. Mas, depois do soro intravenoso, do complexo de vitaminas, do analgésico e do antibiótico (fora a limpeza), seu olhar (doce, doce) já fixava nos meus olhos completamente marejados de lágrimas. Fiquei lá até que ele dormiu, já mais calmo, já sem dor. Queria ter ficado. Aliás, queria estar lá, agora. Queria ligar, mas sei que não posso, que seria ridículo. Meu pai está assistindo televisão, meu irmão não voltou e minha irmã está correndo na esteira, deixando no ar aquele zumbido estranho de máquina. Eu estou com o coração partido em mil pedaços, me sentindo a pessoa mais insensível e idiota do mundo por deixar meu cachorro sozinho.

Espero que seja para o bem, espero que seja para o bem...


por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 10/24/2004 06:06:00 PM |

 

 


 

 

 

mais tentativas de fazer algum sentido

 

se eu mdaur a oredm das lerats vcoe anida vai me etnedenr?

 

Site Meter