mais um adjetivo para volúvel ->
10.03.2004
Coisas que só uma eleição proporciona
Então, estavámos eu e minha mãe andando pela rua, em um sábado nublado, tipicamente pré-eleitoral. Os candidatos, fazendo sua última campanha, passavam por nós, quase em fila indiana. Eu, que vou voto sempre em Castro Alves, 92, não me importava muito com esses políticos. Passou o candidato do PT, com uma cara de anão, baixinho, barbudo e com orelhas de abano; passou o candidato que não tem nada além de um jeitão simpático que mascara os anos e anos de roubo; passou o candidato que não tem votos, ladrão convicto, mas que ainda assim, tem a coragem de dar as caras na rua; e passou o candidato da minha mãe, do PDT.
Minha mãe sempre foi fã do Brizola. Professora aposentada, fala sempre que ele foi o único que deu algum valor aos professores no estado. Ela ficou realmente chateada quando Brizola morreu. E resolveu dar o seu voto para prefeito ao político do partido.
Então, voltemos à rua. Lá vinha ele, o cadidato do PDT, com uma cara de uva passa incrível, passando quase que despercebido, não fosse o carro de som que seguia ao seu lado. Ninguém vai votar nele. Alguns ainda davam um tchauzinho tímido, envergonhados por ele ser tão... sem graça, talvez. Mas não a minha mãe. Ela, não. Quando o cadidato uva passa chega perto dela, ela levanta o braço e faz um "V" da vitória, com um enorme sorriso. O candidato uva passa pára. Vem em nossa direção. Eu, já ulticolorida de vergonha, fico lá, parada, olhando para os transeuntes que diminuíam o passo. O cadidato uva passa aperta a mão da minha mãe. Ela diz, feliz da vida:
- Meu voto é seu! A caminho da vitória!
E faz o "V". De novo.
O candidato sorri, contente e feliz. Continua seu caminho, arriscando duas olhadas sorridentes para trás, para a minha mãe.
Eu, logicamente, passei a tarde imaginando que sou filha dela e geneticamente estou fadada a fazer "V"zinhos, um dia...
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 10/03/2004 03:31:00 PM
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