Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas
Sem poder me virar, seguir em frente, ou chegar a uma conclusão, eu me sento e escrevo, sem saber muito bem o quê.

mais um adjetivo para volúvel -> The current mood of acredoce at www.imood.com

 

10.18.2004

Brincando de ser feliz

trilha sonora recomendada: Frank Sinatra - In the wee small hours of the morning

Tantas pequenas folhas de um bloco de papel com carimbos azuis e pretos; assinaturas rabiscadas sem prestar muita atenção. Pilhas e pilhas de nomes complicados. Para a infelicidade do paciente, nada adiantava. A sensação ácida, que produzia dores de cabeça, estômago e pés, continuava lá, intocada e indomitável. As tentativas se tornavam cada vez mais espaçadas, cada vez menos entusiasmadas.

Um recomendou músicas alegres, que avivassem o coração e a alma. E lá foi ele, juntando em seu carrinho virtual, CD's e mais CD's de músicas 'vibrantes', 'dançantes', 'alegria de viver vol. 1'. Beatles, Doris Day, a trilha do filme 'You've Got Mail', a trilha de outro filme açucarado.

Sentou-se com as janelas abertas e o sol enfiltrando-se por entre as árvores. Passou a tarde andando de um lado para o outro enquanto tocava cada faixa. É verdade, ensaiou passos de dança na cozinha enquanto preparava o almoço, mas, à noite, chorou amargamente no travesseiro.

Na semana seguinte, voltou ao médico, carregando uma mala de rodinhas, com todos os remédios, que mais uma vez falharam. Conversaram - paciente e médico - sobre mais um tratamento, que levasse embora, de uma vez por todas, o problema. Os minutos, as horas se passaram.

E o paciente saiu de lá com mais uma tentativa. Deveria sair mais de casa. E lá se foi. A cada tarde escolhia um parque, a cada noite, um restaurante. Mas as conversas eram chatas, os flertes eram deselegantes e as mulheres que levava para casa só pensavam em consumir e consumar, para depois catarem suas calcinhas e saírem com os saltos na mão. Os homens, esses só queriam falar dessas mulheres, consumidas e consumadas, além do tal esporte em que 22 pessoas corriam atrás, por um campo imenso,a trás de uma pequena bola. Quando ele, o pobre coitado, fez um comentário sobre o livro que acabara de ler, só percebeu uma troca de olhares, muito estranha, que codificou como: "que cara estranho...".

Ainda assim, continuava. A sensação estranha, o vazio que parecia incompleto - e não o vazio dos livros de filosofia; a base de tudo - persistia. Acompanhava esse homem tão comum, enquanto tomava banho, tomava seu café, durante o trabalho e no caminho de casa. Na caminhada. Na cama. No cinema. Nas músicas alegres. No bar. No meio da conversa. Na sessão de sexo. Enquanto ouvia a porta se fechando. Queria entender como poderia ser o único a ser assim.

A Yoga passou; os incensos não funcionaram; o acunpunturista, um descendente de gregos casado com uma chinesa, desistiu do caso após dez sessões infrutíferas. E nosso amigo - já nos conhecemos, sim, parece que de longa data - que contava a cada noite o número de pílulas assassinas esperando o pagamento pelo copo de água, seguia em frente.

Incrivelmente, ele acordava no dia seguinte.


por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 10/18/2004 10:45:00 PM |

 

 


 

 

 

mais tentativas de fazer algum sentido

 

se eu mdaur a oredm das lerats vcoe anida vai me etnedenr?

 

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