mais um adjetivo para volúvel ->
9.07.2004
Se havia é porque nunca parou de existir
Meu professor dia desses falou: "Já se passaram séculos e séculos em que se tenta provrar que homem e mulher são o casal; o modelo fracassou, já sabemos disso. O negócio, então, é tentar a três, a quatro... toda essa 'união de duas pessoas' é um modelo fracassado'.
A frase ficou me atormentando por dias a fio. Eu não escondo que tenho a teoria de que todo mundo tem um pézinho na bissexualidade e cabe a cada um seguir o instinto ou não. Mas daí eu vejo que nada se aproxima na linha do horizonte e tudo permanece inatingível, intransponível e, vamos confessar, muito incerto. Daí eu penso em ser moderna e tentar a três. Só que surge o dilema: se a dois já é difícil - e a dificuldade está em encontrar, acertar, manter - imagine a três, com três seres diferentes tentando se acertar sob um mesmo teto. O ciúme ia sempre bater ponto, com a frase: "ah, mas vc passa mais tempo com ela/ele do que comigo..." E o problema continuaria.
Daí eu penso no celibato. Taí, existe uma coisa muito espiritual, pura, própria e, não sei, estranha, na idéia de se passar a vida sem sexo, beijos, abraços, colheradas... A montanha é solitária, o clima é frio, a caverna é úmida. O papo parece estar recheado de segundas intenções, mas, na verdade, estou só apontando motivos para não se querer ficar no meio do nada, sozinha.
Saindo de casa, de maria chiquinhas, saia nova e blusa nova, eu só vi um bando de pessoas e casais. Instintivamente, eu olho para os casais, tentando ver a dinâmica. Enquanto isso, eu penso em tudo que poderia estar acontecendo e não está, por não estar, simplesmente, e torno a prestar atenção. Sabe quando a vida parece cercada dos seus desejos realizados? Como o destino pregando uma peça e dizendo: tá vendo, acredoce? está tudo aí... só você que não tem. É tão triste, é tão sem vida, meia-vida, olhar em volta e ficar só imaginando o que poderia ser e não é.
Mas, de qualquer modo, os dias passam.
Pierre continua lá, de vez em quando dá as caras. Há pouquíssimo tempo nos encontramos atravessando a rua. Aí eu quero conversar, quero na minha inocência interior de menina sonhadora, pensando que um dia as coisas mudam. E elas não mudam. Foi horrível, horrível, horrível. Desejar e sair no prejuízo, voltando sozinha e ainda imaginando o que poderia ter sido se eu tivesse topado mais uma noite de exo casual. Quem ouve, quem lê, pensa que quem vos fala é louca, desvairada, com os hormônios em dança louca. Não. Não é verdade. Quem vos escreve é somente mais uma das pessoas, que assim como aquela vizinha louca que dá comida aaos pombos e tem milhões de gatos, queria ser feliz num mundo tão cão.
E eu nem queria mais nada idealizado. Nem queria ter por ter. Só que é difícil perceber que aquilo tudo, toda a conversa desceu pelo ralo e agora eu não passo de uma provável comida numa noite fria e solitária, algo entre um bom filme, uma sessão de self-pleasure e o dream come true. Na verdade, nem queria mais escrever. Nem falar. Nem nada. Queria os cinco sentidos em alerta e o sexto bem resolvido, saciado. Chega de correr atrás, chega de procurar. Eu quero ser achada, encontrada, pesquisada. Idolatrada, até.
Está difícil. Raramente reconheço do que preciso.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 9/07/2004 03:11:00 AM
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