mais um adjetivo para volúvel ->
9.03.2004
Já e ainda sem escrever, desejando tanto e olhando pela janela ela vê o tempo passar... Entre uma gota de chuva e uma lágrima ela vê que a vida não pode continuar a ser assime levanta o queixo em desafio às sombras que tentam dominar e abafar o pensamento. O grito interno só diz que há ainda forças que ela mesma desconhece que ajudam a dar um passo adiante, um pé após o outro. Já fez de tudo e já viu de tudo e agora só que um repouso e um canto seguro. Olha pra um lado e para o outro e vê que as possibilidades não vão para a frente simplesmente poruqe ainda não pe o momento. Acredita nisso piamente e acende um incenso, pois leu que o aroma faz parte da vida e da construção dela mesma. Veste-se de branco porque sabe que a vista faz parte do humor e da paz de espírito. Concentra-se em coisas boas e viaja.
Por entre pontes neurais e neurônios ainda sem par, olha e procura, forma imagens, sons, texturas e cheiros que compensam e complementam de maneira estranha o que o mestre de obras do mundo concreto ainda não terminou. Tudo tão bom e tão amargo por sua inexistência física. O gosto não é nada além de uma memória que não corresponde ao que seria se, na verdade, fosse. O sensação nas mãos, nos pés, pelo corpo, nada são além de coleções e patchwork de passados distintos que tornam tudo tão singular. Uma imagem se funde nas palavras que desejara há tanto ouvir e que já esquecera, um poema sem métrica, rima ou nada além da imersão em sentimentos que ainda não compartilhara.
Ela abre os olhos, feliz. Pergunta-se ainda, por um segundo, se deveria mesmo sorrir. Ah, que coisa tola, pensar que na vida se tem o sonho! O sonho, por si só, é matéria que não tem corpo e por isso nos é tão cara! Ela ainda pensa em como seria bom se fosse verdade, pára e pisca os olhos, acreditando por um minuto que seria bom... Mas não é, realmente, não é. Porque se fosse, já teria saído pela janela, pela porta, correndo e fungindo como louca de algo tão... perfeito. E a conquista do dia-a-dia? O "felizes para sempre" funciona lindamente nas palavras, ela sabe, e não se deixa enganar que na vida, é outra coisa. A poesia da vida é outra. Dela não se escreve, dela não se sabe, nem se tem a mais vaga idéia. Aquele momento entre um heroísmo qualquer e outro que nunca vale mais do que um suspiro, um beijo, um abraço. Nada além disso. Dessas coisas não se fala, eis aí a sua mágica.
Sente o cheiro do incenso, vê o branco da roupa, os pés descalços, a xícara de chá esfriando. Corre lá fora - ainda está um pouco frio - pega o jornal e corre para a mesa do café, aninhada, sozinha, olhando em volta. Logicamente, tem seus desejos, suas vontades, suas fantasias. Mas coloca seu perfume, sua roupa, seus sapatos e parte, para mais um dia de trabalho, o único e tão esperado. Só ele pode ser ele. O tempo não volta. Dá o valor ao minuto, ao segundo, às saudações que parecem tão vazias e fica feliz ao ver que fez a diferença no dia de um senhor que, perdido, recebeu uma sudação jovial com um sorriso. Trabalhou como louca, falou até estar seca e voltou à fortaleza. Afastou entre borrifos quem tentava dominá-la com olhares mesquinhos e pensamentos.
Como sempre, imaginou. Sentiu um frio na base da coluna, pensando se algum dia veria o lado real da moeda. Varreu da mente o pensamento. Ainda tinha muito traalho pela frente.
Depois... Depois...
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 9/03/2004 11:59:00 PM
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