mais um adjetivo para volúvel ->
9.08.2004
A/À Beleza do Tempo
Somewhere over the rainbow
Tudo leva, tudo se vai, corre para longe, traz para perto. Enfim. Eu estou fazendo, pela primeira vez na vida, uma cena romântica. Tchekhov, As Três Irmãs. Uma leveza que causa até mesmo um embrulho no estômago de pensar, um nervosismo clássico e que me coloca, de novo, na vulnerável posição de 'mulher solteira procura...'. Ah, eu sempre falo nisso, volto ao mesmo ponto. Ando pelo esoterismo, por religiões, crenças, pesquisas, palavras e mais palavras e volto à Terra Mãe, o mundo rechaçado por Platão e adorado pelo subjetivismo. As emoções.
"Amo, amo, amo... Amo seus olhos, todos os seus gestos, com os quais sonho... Mulher magnífica e maravilhosa!" - Verchinin para Masha.
Eu fui para o meu quarto, coloquei Beth Gibbons para tocar, bem de leve, bem ao fundo. Fui reler a pequena cena e pensar no que poderia ter a mais, no que há de escondido entre uma rubrica de "(Pausa.)" e frases tão reveladoras, singelas e poéticas como as que transcrevi acima. A Beleza. Gibbons me presenteia com a frase "You'll get by/Moving on let fate decide". Aí não me aguento em mim, pego um cigarro, acendo, olho pela janela e fico pensando nas marias chiquinhas que me renderam o apelido Dorothy pelo resto da noite. Marias Chiquinhas. Fumei calmamente, já que, segundo o livro de um xamã que terminei recentemente, o deus do tabaco sempre tem um ensinamento. Devemos, simplesmente, estarmos prontos a ouvi-lo, recebê-lo e juntá-lo às nossas experiências e ao nosso dia-a-dia. Sinto-me, por uma fração de segundo, levemente patética por tentar justificar meu desejo-bridget-jones de cigarro com uma explicação espiritual. Ainda assim, ela vale.
Acabei me levantando e indo para o jardim. Depois de tantos anos desejando loucamente ter meu pequeno pedaço de paraíso *gritando 'Heaven! Heaven! Joy to the world!* dentro de casa, minhas lindas plantinhas me respondem calmamente que tudo na vida muda em ritmo próprio. A minha pequenez diante das criaturinhas que não se ligam se o cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada, mas, sim, abrem em novas folhas e botões todos os dias com a luz do sol e o brilho da lua, é mais uma vez o universo dizendo: menina boba, abraa cabeça. Não, não falo do guaraná da propaganda, mas do pensamento por si só.
Na novela das oito, a Leandra Leal, chorando no sofá, recebe a visita de uma vizinha bem-intencionada que diz: "Ah, vá à luta! Seja você e faça o seu jogo!" enquanto eu penso que jogos não levam a lugar nenhum, embora eu seja fã incondicional de pequenas brincadeiras sem sentido algum; só para fazer o cérebro trabalhar. E viva as múltiplas intenções do mundo.
Sete de Setembro passou. E a vida continua. Amanhã tenho meia hora de ensaio e daqui a uma semana me apresento. Minha mudinha de camomila está toda florida e feliz. O tempo esfriou. Na propaganda, um samba de um falso tim maia. Gibbons está certa:
Drake
Turning now she caught his eye
For all he knows he cannot see
Pleasures smoulder inside
Cover seasons that fell from view
Long ago
Blame on your heart
But then you know that now
What do you do
You hide lies inside
Why do you do that
I don't know why
How long did i know you
For i don't know why you had to go
If only you had told her
The words to enfold her
Long ago
She took a breath and she never spoke
The words that tasted like to know she told a matinee
There was an odour/Unannounced anyway
But you can take and you can see
There's never enough of love for destiny
Don't look back from day to day
What i noticed wasn't me
Strangers they'll part again
They'll never know
For all the years they've disguised inside
Knowing their years of loss remain
How long did i know you
For i don't know why you had to go
If only you had told her
The words to enfold her
Long ago
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 9/08/2004 11:21:00 AM
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