mais um adjetivo para volúvel ->
8.23.2004
Tanto para dizer e ninguém - e digo 'ninguém' com objetivo - para ouvir, principalmente com as idas e vindas e os intertextos da vida. Parece uma coisa de filme, no melhor estilo noir, onde, quase no fim, tudo começa a fazer sentido, mesmo que, aqui, não se trate de fim e muito menos de um assassinato a ser resolvido. É estranho ficar pansando nas coisas sob perspectivas diversas, mas, ao mesmo tempo, é reconfortante saber que tudo o que não tem motivo tem, pelo menos uma ligação.
A cada momento vou me dando conta das diferenças sutis entre uma coisa e outra naquele universo que parece tão igual. As palavras são insubstituíveis e cada uma é específica no seu contexto, no seu tempo. Quando pequena entortei a mente para crer que há sinônimos para, hoje, ver que eles são pura história da carochinha e entorto, mais uma vez, a cabeça, que agora precisa de um cuidado absurdo para pronunciar cada frase, deixando claro o seu contexto. Se eu digo que estou bem confusa, preciso dizer que falo de uma noite específica, depois de dias lendo cartas de Chekhov (ou Tchekhov, as you like it) e noite amargando um chocolate com cookies e uma bebidinha depois das dez da noite. Depois de reencontros e encontros forçados. Pós-descoberta de que nada é assim, tão imutável. E ouvindo repetidamente que a responsável pela minha vida sou eu.
Estou olhando, agora, para uma garrafa de Smirnoff Ice quase vazia. Alguém poderia pensar que se trata de um esteriótipo da escritora que bebe. Eu não bebo. ou melhor, eu bebo, mas... mas o quê? Estou me defendendo de alguém? Ai, leitor/leitora, pense o que for, eu estou feliz aqui, com meu refrigerante/vodka/limonada com preço exorbitante. Estou me dandoconta de muitas coisas aqui... E pensando que talvez essas coisas não sejam as mesmas preocupações de amanhã de manhã.
Eu sempre tive problemas para dormir. E sempre tive dificuldades para acordar.
Eu prefiro pensar positivamente sobre o que pensam de mim do que tentam desvendar esse pensamento alheio.
Falando sem pensar muito, ou pensando muito e não falando nada, eu vejo que a melhor maneira de lidar com o mundo é ir de 'tropicão' em 'tropicão'.
Queria ter o desprendimento de alguns e a adoração de outros, mas termino pisando em ovos, achando que tudo o que passa muito tempo junto, vira abóbora. Porque o tempo é assim e o ser humano achou por bem - ou por mal, depende do ponto de vista - ter como foco de sua vida a criação de desejos que ciram mais desejos que criam mais desejos, que sempre viram frustrações porque já existe algo novo a conquistar. Ah, eu quero ter dinheiro, eu quero viajar pelo mundo, eu quero comprar um carro importado, eu quero uma casa em búzios, eu quero um apartamento em NYC, eu quero o homem perfeito, eu quero o amante perfeito, eu quero o divórcio perfeito. E logicamente, a morte perfeita.
Longe de mim, não estou sendo mórbida, mas é fato. Ninguém quer morrer sozinho, desgrenhado, desfeito. Não. Tem que ser Marcelo Mastroianni - e quem lembra da morte dele? - com a Catherine Deneuve ao seu lado, assim como as filhas, a imprensa do lado de fora, um suspiro e pronto. Sem dor. Consciente. "Em paz", alguns dizem, sob o peso dos suspiros.
Eu não nego a minha idade. Estou na fase de achar que tudo é O Fato. Fase ultraromântica da vida, nada é um fato que compõe um quadro e sim O Que Define Minha Vida Daqui Para Frente. É imaginar, voar, achar que tudo é muito perfeito e muito legal e me indignar se as coisas não acontecem assim, como eu imagino. Minha mãe me disse que é fase; meus amigos, que é jeito de ser. Eu não sei e fico pensando agora se não é muita pretensão da minha parte.
Só que eu não quero pensar diferente, ou deixar de lado. Eu quero dar o passo além, mesmo com medo. Eu queria, na verdade, ter a certeza de poder pular do trapézio e que a rede vai estar lá, me esperando. Já caí no chão, já levantei e isso dói, demora para curar. Queri ater a certeza de que pular não é assim tão ruim.
Mas nada acontece... *cricket**cricket**cricket* Queria saber a razão.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 8/23/2004 11:14:00 PM
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