mais um adjetivo para volúvel ->
8.11.2004
ê lelê
Dos pés a cabeça cheia de graça. Sapato bico fino, saltinho elegante, até mesmo um cinto, elemento que a cada dia a mais, ganha minha simpatia. Um rímel discreto, uma corzinha nas bochechas para dar aquele 'ar saudável'.
Nada melhor do que se ar(ru)mar com o que há de melhor para melhor arrumar o que há de pior.
Passar na rua e ver admiração nos olhos de quem não a vê quando tudo está no fundo do poço é uma terapia agradabilíssima que recomendo a todos os seres humanos.
Então, olho em volta. Ah... nada no campo de visão atrai mais do que um olhar de admiração ou de desdém e a proporção do que atraio é igualmente desalentadora. Nada além de admiração e desdém. Não sei calcular a proporção de cada um e talvez até nunca queira me arriscar a descobrir essas porcentagens num universo tão amargo, porém eu consigo enxergar perfeitamente e analisar o que eu vejo.
Eu levanto, então, ajeito os cachos e resolvo dar uns passos à frente, rapidamente, à Audrey Hepburn. Acabo patinando pelo chão e fazendo aquele barulhinho *shhhhhhh* e todos olharam para mim. Na hora, fingi rir. Voltei a ajeitar os cachos. Li o mesmo papel umas dez vezes - e gostaria realmente de saber o que há de tão interessante no quadro de horários da turma do 6° período da manhã de pedagogia - e voltei. Sentei.
Era uma peça de Beckett.
Mais tarde, apresentei minha personalidade real através de um personagem da literatura dramática. Foi interessante deixar sair todo um peso que anda me atormentando, mesmo que não se trate de um psicodrama...
Nossa, eu fiz psicodrama, ontem. Ih... bom, a turma não interessa e o professor ia tirar a exata conclusão do que falei. Só adiantei tudo. Disse que era exatamente como a personagem. Tola, romântica e fodida. Ou melhor, un-fucked. Procurando uma solução, é lógico, mas, ainda assim, me escodendo atrás de uma coleção.
Falei que era meu sonho fazer essa peça.
Ele disse: "Se você quer tanto, faz. Daqui a dois anos, você não vai ter mais idade para fazer esse papel."
Tá. É nisso que dá você colocar seus sonhos para fora. Tem sempre alguém para lavá-los com a fria realidade. Além de velha, sou uma sonhadora, também, daquelas que não faz nada.
Agora eu preciso fazer essa peça no ano que vem. SBAT, me aguarde.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 8/11/2004 10:28:00 AM
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