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8.13.2004

Em cima do salto


Nem se vê o sapato...

Nunca cair do salto, eis a dica para qualquer um. Agulha, plataforma, tamanco, alto, baixo, confortável, de matar, eles nos ajudam a perceber que o tênis pode significar conforto, mas nunca uma silhueta elegante.

Minha irmã não conseguia, até bem pouco tempo atrás, sair com algo que não tivesse um salto do tamanho do Everest. Já eu, detestava saltos. Nunca fui alta, mas nunca fui baixa, também. Mediana nos meus 1,65 m. - *ahem* *ahem* *pisca o olho* - adquiri o hábito de sempre usar sapatilhas em primeiros encontros, tirando medidas imaginárias no decorrer da tarde/noite para saber quais outros sapatos ficam livres para uso posterior. Caso haja um uso posterior. Nada traumático para mim, esse papo de altura, mas minha avó materna, uma dama no melhor estilo, achava de péssimo gosto um casal em que uma mulher fosse mais alta que o homem. "Sempre tire as medidas, acredoce", ela dizia, enquanto mexia com uma colher de pau algum doce na cozinha.

Mas, como - eu me pergunto - escolher o que o coração nos impõe como uma regra? A paixão tem altura? Tamanho? Cor de olhos? Eu escolheria logo olhos verde jade, uma cabeleira ondulada, mãos grandes - uuhhh, mãos grandes -, humor sarcástico, bom de cama e com dinheiro. Uma propriedade de sonho e uma cozinha industrial. Um jardim e um bosque.

Tá. Vou morrer esperando.

por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
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