Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas
Sem poder me virar, seguir em frente, ou chegar a uma conclusão, eu me sento e escrevo, sem saber muito bem o quê.

mais um adjetivo para volúvel -> The current mood of acredoce at www.imood.com

 

5.25.2004

Mutante

Existem coisas que merecem ser eternizadas num blog que nada tem de eterno.

Meu irmão tem um amigo de infância, desses no estilo my buddy dos filmes americanos, com o qual ele surfa, conversa, fuma uns e outros... O cara faz engenharia florestal na rural, tem cabelos de samambaia e curte todos aqueles sons da tropicália e do bob marley, além de, é claro, surf music. Gente boa mesmo, que não desliga o telefone na minha cara depois de ouvir que o meu irmão saiu. Que ouve Maria Bethânia deitado na rede, na porta de casa, encaracolando os cabelos com o dedo.

Ele tem um cachorro, pretinho, vira-lata legítimo. O Mutante.

O Mutante, como bom cachorro de rua adotado, sabe que tem dono, mas tem lá a sua independência e vez por outra desaparece. Seu rabo já perdeu um belo pedaço em uma dessas voltas e ninguém sabe dizer como foi que isso aconteceu. Como todo Mutante, as coisas só acontecem.

Hoje eu estava conversando com o Renato no telefone. Perguntei porque ele estava em casa e não na faculdade. Ele me contou que Mutante tinha dado uma de suas escapadelas há uns três dias e ele, hoje de manhã, indo para a faculdade de ônibus, olha pela janela e vê um pequeno cachorro preto na beira da estrada, junto a outro vira-lata todo manchado de spray roxo contra-bicheira. Um olhar mais cuidadoso revelou a - falta de - cauda. Renato fez um escacéu para o motorista do ônibus parar. O cara desceu, provavelmente pensando que o rapaz precisava regurgitar. Mas, não. Renato olhou para Mutante e chamou seu nome. Mutante atendeu e levantou as orelhas. Os dois correram um ao encontro do outro. Mutante, com sua língua imunda, dava beijos na samambaia em forma de cabelo de Renato.

Mas o motorista recusou-se a levar o bicho dentro do veículo. Renato, então, pegou suas coisas e desceu do ônibus, ele e Mutante, a pé, na beira da estrada, até o orelhão mais próximo.

E meu irmão foi buscá-los. Renato e Mutante.


por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 5/25/2004 11:04:00 PM |

 

 


 

 

 

mais tentativas de fazer algum sentido

 

se eu mdaur a oredm das lerats vcoe anida vai me etnedenr?

 

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