Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas
Sem poder me virar, seguir em frente, ou chegar a uma conclusão, eu me sento e escrevo, sem saber muito bem o quê.

mais um adjetivo para volúvel -> The current mood of acredoce at www.imood.com

 

5.15.2004

E a fila anda.

Dez da noite. Chega Pierre com cara de cansado e olha insistentemente para mim, que olho de volta por dois segundos e fico pensando se não deveria oferecer uma carona. Eu sou louca.

***

Dentro do carro. Pierre tem alguns problemas para resolver. Eu ofereço ajuda. Ele nega. Vamos até um posto de gasolina próximo discutindo - eu oferecendo e ele negando -, ele liga para a namorada, diz que está no carro comigo e ela diz que não pode fazer o favor que ele quer. Ela diz que vai sair. Ele diz que ia ligar para ela em casa. Ela diz que não pode. "Então tá", ele aceita a minha ajuda. O meu cartão não passa na máquina e eu não tenho dinheiro para pagar a gasolina - faltavam R$ 10,00. Ele faz questão de me ajudar, enquanto eu penso em maneiras de me suicidar de vergonha mais tarde, mas ele também não tem o dinheiro. Não me deixa dar todo o dinheiro da carteira, mas dá tudo o que contém em seu bolso. Eu inteiro com dois reais.

Ah, a falta que Hollywood faz nesses momentos.

***

Ao início de nossa carona, conversamos sobre a minha família (?!?!?!), papo engatado de maneira nada sutil, por ele. Bizarro falar sobre o que meu pai faz e o que ele e minha mãe pensam da minha vida. Ele fala da vida dele, onde já foi, como viveu. Eu ao mesmo tempo pensava que isso era um sinal de cumplicidade, mas com um medo enorme de não passar de conversa de elevador. Ou de carona.

***

O papo vai para o mundo teatral. Eu ofereço ajuda para um projeto dele. Ele aceita. (Enquanto eu escrevo isso consigo perceber que eu nem pareço estar interessada no homem, mas sim falando com um amigo. Só que eu não tenho idéia do quê deveria falar, além de algo que o interesse. Alguma sugestão, alguém?) Estamos a caminho do final da carona e ele me pergunta se sou filha única, quantos irmãos tenho, o quê eles fazem e - pasmem! - a minha idade. Daí acabo também perguntando para ele sobre seus irmãos, pois nenhum outro assunto poderia ser introduzido na conversa de maneira sutil.

***

Entramos na sua rua e damos a volta para que eu fique no melhor lugar para voltar para casa. Ele me conta todo o histórico de um casarão em sua rua até o motivo para as manifestações culturais que acontecem por lá nos dias atuais. Até o fim da rua. Acabou. Ele me olha, diz que me espera na festa, agradece muuuito a carona e o favor, me dá um beijinho e vai embora. Fiz questão de checar o desodorante e o cabelo no primeiro sinal fechado. Nada errado.


***

Conseqüentemente, me sinto meio completamente usada. Fui usada? Babaca? Eu ofereci, eu sei, e gosto de ajudá-lo, mas... sei lá. Ficou algo estranho no ar, algo vindo de Dalí ou alguma repetição de Warhol. Se isso é uma tentativa de aproximação, é louca. E se é um fora... é cruel.

Ah, Max Overseas...


por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 5/15/2004 12:12:00 AM |

 

 


 

 

 

mais tentativas de fazer algum sentido

 

se eu mdaur a oredm das lerats vcoe anida vai me etnedenr?

 

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