mais um adjetivo para volúvel ->
4.09.2004
A Paranóica e Mestre Pierre
Sue Lyon como 'Lolita'
EU estou fazendo umas pesquisas de teatro para a faculdade e dia dessesfui à Biblioteca da UniRio pesquisar periódicos na área para coletagem de material. Embrenhei-me naqueles papéis velhos e fedorentos, mando a situação. Uma mulher vestida de vermelho chegou na biblioteca e rodava feito uma perua tonta murmurando que tudo era complicado, enquanto ela mesma não sabia o que queria e acabou pegando os periódicos que eu pesquisava e criou um pouco de atrito dizendo que eu era 'egoísta' por 'não dividir o material de pesquisa'. "Até parece que você está usando todas essas edições ao mesmo tempo..." Eu prontamente me desfiz dos meus cadernos os deixei sobre a mesa da pentelha de vermelho e voltei à minha pesquisa. A desgraçada saiu de lá menos de dez minutos depois dizendo que 'ali só tinha merda'.
E ficou perambulando por entre as estantes, lançando sempre um olhar de reprovação para a minha mesa com pilhas de periódicos.
Numa dessas revistas, o título de um artigo me chama a atenção: A Paranóica e Mestre Pierre, de Elisa Palatinik. Separei para xerocar. Na verdade são trechos do livro homônimo da autora, escrito em primeira pessoa. Mas o mestre Pierre é um chef de cuisine. Não deixa de ser Pierre por isso.
Eu ontem fui para a noitada na Casa da Matriz. Música ótima, companhia idem e homens até onde o olho pode alcançar. Mais de dez caras vieram até mim com esperançar de conseguir algo além do meu sorriso cativante e ver além da minha minissaia. Eu virava para o outro lado pensando que nenhum deles era quem eu gostaria que fosse. Às três e meia da manhã, uma Sol com limão e uma Coca-Cola depois, fomos embora, eu sendo abraçada por meu amigo enquanto soluçava: "Ai, como eu sou burra!..." para o espanto dos casais se agarrando na rua. Portanto, se você foi algum daqueles caras - o de camiseta laranja e o de camiseta vermelha eram bonitinhos... - e ficaram decepcionados com a falsa Lolita ou viram uma menina parecendo meio bêbada ou drogada, gemendo 'ai, como sou burra...' repetidamente, era eu.
Acordei hoje às 4 da tarde, suando, ainda maquiada e de roupa olhando para o céu, vendo aquela cor cinza e ouvindo meu pai falando lá embaixo na cozinha: "Essa menina vai dormir até amanhã? Ela não vai querer almoçar?" enquanto minha mãe dizia: "Deixa ela; está sempre trabalhando ou estudando..." E ele termina com a pérola: "Teatro não é estudo". Ai, eu queria não ter acordado nesse exato instante, ou ter descobrido que, durante o sono, fui transportada para Bali ou outro paraíso. Fernando de Noronha. Ilha Grande. Nem me importaria de ainda estar vestida de Lolita.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
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