mais um adjetivo para volúvel ->

 

3.20.2004

Sunrise

Dia desses fiquei com uma vontade enorme de me vestir à Doris Day e coloquei uma calça capri, uma camisa de homem e sapatilhas. Para completar, uma fita de veludo no pescoço e os lábios rosados. Sei lá, estava me sentindo bem, alegre, faceira (?!?!). Saí para ver uma peça e depois fui direto para a aula de Pierre. Paguei estacionamento duas vezes e cheguei na faculdade um pouco antes da aula, o tempo necessário para dar uma retocada no visual antes de parecer não ter feito o mínimo esforço para estar tão... faceira. Tudo perfeito, maçãs do rosto rosadas - à custa de blush - e um brilho olhar por estar me sentindo bem com toda a produção. Aquele perfuminho gostoso lingering in the air; um arraso.

Cheguei na aula, dei boa noite e sentamos em roda. Uma mulher me diz que estou "muito fashion, hoje", enquanto a amiga dela traça um plano para conseguir sair para jantar com Pierre através de outro aluno muito amigo dele e engatar uma conversa no estilo "você conhece a mulher que tem um pastor branco? ah, mas ela é minha amiga". Agradeci com um gesto de cabeça ao elogio. Passei a aula sentindo olhares para mim - sim, dele também, mas de outros - e fiquei pensando como devia estar bonita. Nossa, nossa... Ao fim da aula, eu olho para baixo, para a minha calça e noto um pequeno pedaço de pele da parte interna da coxa aparencendo. Mas... como, se estou de calça? Um olhar mais atento revela que a calça estava com um rasgo de uns 15 cm na parte da coxa. Comecei a pensar em todas as posições em que estive durante a noite, tudo o que havia feito até aquele momento e só ia me dando conta de que a turma inteira havia visto aquilo e o 'elogio' da mulher era, na verdade, uma grande sacanagem. Só que eu nunca iria dar o braço a torcer e correr para o banheiro com um par de calças de ginástica que estavam na bolsa. Fica o dito pelo não-dito. E quem sabe eu ainda apareço na semana que vem com uma calça com outros tantos rasgos, para mostrar a todo mundo que essa é a última moda em Paris.

Em casa eu fico vermelha e considero o suicídio social.

por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 3/20/2004 12:18:00 AM |