Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas
Sem poder me virar, seguir em frente, ou chegar a uma conclusão, eu me sento e escrevo, sem saber muito bem o quê.

mais um adjetivo para volúvel -> The current mood of acredoce at www.imood.com

 

3.21.2004

Scrapbook


William Hogarth - The Orgy

Eu, quando criança, sonhava em ter uma agenda gorda, gordíssima e assim poder mandar a foto para a Capricho. Eu tentava manter as páginas com papéis de bala, lembrancinhas, coisinhas mil. Mas sempre achava tudo aquilo uma fraude. Porque eu olhava para as outras agendas, das meninas mais velhas - aquelas fodonas, que iam prestar vestibular - e via fotos com namorados, pétalas de rosas de admiradores, bombom do cinema com fulano, etiqueta da roupa que comprou com a melhor amiga para ir à boite da moda, ingresso daquele show maravilhoso com o Menudo... Eu, como boa C.D.F. e inocenete garotinha, colocava papéis de balas que ingeria avidamente no recreio, meus boletins e tentava fazer com que as garotas populares escrevem na minha agenda no dia do aniversário delas. Aí, lá pelo mês de novembro, pegava a fita métrica e via que tudo não passava de uns 15-18 cm. Nada comparado aos quase 30 cm na edição de janeiro da Capricho ou daquelas pré-vestibulandas...

Depois de alguns anos, desisti por completo da agenda. A mais legal que tive era um diário onde escrevia o que eu sonhava naquela época. Eu namorava com o Christian Slater - ele já foi popular - ao som de 'I'll be There for You', do Bon Jovi - assumo por inteiro que já adorei Bon Jovi - e tinha um caso com o Gary Oldman. Minha amiga na época, que topava com a loucura, era casada com o Brad Pitt e eu havia sido a madrinha. Uma agenda do filme "Bram Stoker's Dracula", do Coppola. Até hoje tenho ela guardada na gaveta da escrivaninha. E, pelo que lembro daqueles dias maravilhosos vivendo em Hollywood, Christian adorava colocar a cabeça no meu ombro e ficar lá, segurando minha mão e ouvindo Bon Jovi.

Engraçado como eu sempre sonhei com essa coisinha fofa e romântica, mesmo já sabendo que o sexo não é tão... digamos, comportado. Na minha cabeça, o legal era esse momento, pré luzes apagadas, de felicidade, ouvindo uma música legal - que hoje em dia já seria um duetinho Ella Fitzgerald-Louis Armstrong - curtindo um fim de tarde e um início de noite. Essa coisa toda de suor, mãos, bocas, dentes e nudez sem preocupação era algo para os livros da Barbara Cartland, até porque, eu não tenho olhos azuis, pele de alabastro, nem sou magra como uma ninfa. Não sei tocar piano, não sei cantar - como foi provado com a minha reprovação na prova de canto da faculdade - e falo quase nada de francês. Muito menos sei como encontrar um Marquês, ou Lorde, ou alguém do estilo, forte, gostosão, irônico e doido para me levar para a cama.

Durante essa semana, tive sonhos pornográficos. De fazer o antigo eu corar e o eu atual sorrir de maneira sacana. Acordava todas as manhãs com a sensação de que a vida pode ser injusta, ao me fazer vislumbrar uma vida em uma cama super king size e cheia de pequenas lembrancinhas para colocar na agenda: o rótulo do vidro de cerejas marraschino, a garrafa vazia de champagne Cristal, o pote de chatilly fresco, o chicote, uma foto minha sem celulite. E, logicamente, meus amantes, todos enfileirados e me idolatrando da cabeça aos pés.


por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 3/21/2004 06:48:00 PM |

 

 


 

 

 

mais tentativas de fazer algum sentido

 

se eu mdaur a oredm das lerats vcoe anida vai me etnedenr?

 

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