mais um adjetivo para volúvel ->
3.05.2004
Piano Bar
Imagine um homem de quase quarenta anos abraçado com isso...
Uma roda de atores. Discutindo sobre: "O que faz um grande ator? O que você procuram numa escola de teatro?". Eu fiquei quieta ouvindo cada um focando a vida nas suas experiências, sempre jogando um grande nome para se sentir mais importante, ouvindo pouco ou nada do que falava Pierre. Estranhamente queria me proteger de toda aquela 'coisa' sendo dita, aqueles papos de "teatro é tuuuuuudo", como falavam as pre-teens dos Backstreet Boys. Ou falando mal do mercado, do tal produto, aquela figura mítica e cheia de conotações negativas além da conexão com o próprio demo. Mas eu queria falar, é lógico, porque eu não sou de ferro.
"Para mim, é uma experiência. É procurar um caminho e segui-lo." Para quê fui abrir a boca? "Que experiência?", dia Pierre, virando-se para mim e projetando seu corpo na minha direção, como se as próximas palavras a sair da minha boca fossem a epifania necessária àquele encontro. "Bom, er, bem... a procura de um caminho de expressão das idéias do dramaturgo, do diretor, das minhas idéias, numa convergência. O próprio espetáculo." "Que caminho?", pergunta ele, ainda naquela intenção de me tornar o centro daquela conversa. Isso não é bom, não é bom, pensei. Olhei nos olhos dele, para ver se conseguia enxergar a resposta que ele queria, naquele momento, para a discussão e assim, quem sabe, pudesse calar a boca e deixar de me meter nessas situações. Começam a falar sobre técnica, em se ffazer algo para o público, algo como drama=fazer o público chora/se emocionar, comédia-fazer o público rir, como se alguém pudesse controlar reações. Daí, discordei. E me tornei o centro das discussões. E aí fiquei lá, tentnado defender meu ponto de vista, sendo metralhada por aquelas perguntinhas fodas de Pierre, que só me faziam ficar ainda mais nervosa. Parei olhei para a porta e quis escapar. Mas fiz pior e engatei uma dicussão com o próprio, falando de coisas, de maneira subliminar. Nossa, foi vergonhoso. Ele cortou o assunto e deu o intervalo na hora.
Daí resolvi parar com aquilo tudo, relaxar e aproveitar minhas aulas. E estava indo bem, ontem até mesmo fui na coordenação só ara dar boa tarde e ver uma foto dele abraçado com um ursinho Puff, uma das coisas mais patéticas na face da Terra. Logicamente quis oubar a foto, mas o secretário já me conhece e bem... ficou de olho.
Começou a aula e estamos nós, improvisando, quando uma das duplas apresenta uma cena em que eram um casal de amantes que se reencontrava após um ano, numa aula de teatro, numa daquelas situações mal-resolvidas que nunca tiveram um final. Pierre se levanta e eu me encolho. Penso: "Revanche." E começa a falar da cena, como que, se fosse ele nessa situação, como agiria, principalmente se a menina fica numa atitude tão agressiva, infantil. Que ficaria puto, que não gostaria de ser mal-tratado quando não há razão. Tive que falar: "Quem sabe ela não está com raiva porque sempre quis resolver a situação mas ele nunca fez nada? Eu achei compreensível ela se mostrar infantil, magoada, com isso." Pierre: "Ninguém resolve uma situação com infantilidade." "Resolve, sim. Atrai a atenção. Ela tentou atrair a atenção dele." Aí, vem uma outra menina: "Ih, isso tá me cheirando a casal ainda apaixonado. Ninguém briga quando não sente mais nada." Eu me calei. Ele se calou. Voltou para sua poltrona e se jogou pesadamente. "Próxima cena."
A arte imita a vida ou a vida imita a arte?
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 3/05/2004 12:20:00 PM
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