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3.12.2004

Pensamentos Infindos numa Madrugada Qualquer


Greta Garbo: "Leave me Alone"

Estou sem dormir. Ontem cheguei da faculdade me sentindo achatada por um rolo compressor, após duas discussões, m papel que não representa o maior desafio que poderia ter agora, uma dor-de-cotovelo imensa que clminam com uma noite fumando Marlboro Light, sentada na cama, olhando pela janela e ouvindo alguns carros passando lá na rua e um ocasinal caminhão com suas mercadorias sacolejantes. Pensando na vida, com preguiça de ligar o comutador e escrever, sem saco para procurar papel e caneta após escrevinhar um poema de cunhoa utobiográfico que, com certeza, ficará perdido num caderno qualquer, para ser redescoberto anos depois e queimado por sua breguice afetar os meus sentidos. Fiquei pensando na vida, no que tinha ouvido horas antes de uma casalzinho-ideal, ela falando de como eles se conheceram e como tudo foi 'casual' e como ela havia encontrado sua cara metade. Desliguei o CD da Norah Jones, o Feels Like Home (bem fraquinho em comparaçãoa o antigo) e coloquei na Light FM, ouvindo baladas dos anos 70, Barry White e acho que chegou a rolar até um Marvin Gaye. É vida é um nonsense estranhíssimo, um emaranhado de coisinhas que acontecem o tempo todo, um pedaço de frase que pescamos aqui, um olhar ali, um encontro casual, uma conversa fiada que, de repente fornece uma informação preciosa. Tudo isso só depende do interesse de cada um, a sintonia para se estar no local certo, na hora exata e não ser antipático para se tornar parte da 'galera', contando uma piadinha, dando um tapinha no ombro de um falando sobre dietas com uma ex-modelo, conversando ccom uma pessoa burra e metida.

Um ótimo exemplo: ontem estava andando pela calçada e a namorada de Pierre me olha fixo, para depois virar a cara, para dizer para os amigos: "É, vou sair com ele hoje."

Outro exemplo: encontrar com uma colega e descobrir que ela está profundamente envolvida com o melhor amigo de Pierre e no meio da conversa diz: "No começo eu fiquei com medo de ser paixão pedagógica...", para me dar uma olhadinha e um sorriso.

Uma que me mata de rir é minha mãe estar à procura de uma casa para fim-de-semana em Itaipava e ouvir ele e uma amigo dizendo como estão sempre por lá, nos restaurantes em que eu gosto de ir, com uma casa perto da onde minha mãe quer a dela.

Ou, ligar o rádio e tocar 'It Must Have Been Love', quando eu mesma hava lembrado dessa música conversando com um amigo durante o dia e quando rolou uma dedicatória, partia de um Pierre.

E eu fiquei pensando justamente nessas coisinhas, como o mundo conspira para que não haja um dia sequer em que eu não tenha que pensar nele, mesmo quando eu já não sinto mais nada, em como as coisas vão acontecendo durante o dia, seja por um e-mail, um spam, uma frase numa conversa na Rua do Catete que te faz rememorar uma época, um estado, um momento em que só queremos lamber as feridas e partir para outra. A noite toda fiquei lá, rezando aos céus para que me tirasse dessa situação de não-fode-nem-sai-de-cima porque eu preciso viver além dos limites das páginas dos meus livros e dos filmes e que não é justo manter-me presa a algo pelo qual já não tenho mais apego, por quem já não sinto nada e ficar constantemente me lembrando de sua presença. Já é o bastante ter aulas com, ouvir a voz de, ser perseguida pelo elevador e encarada por, tomar esporro, ver andando na rua casualmente. Juro que daqui a apouco vou começar a ouvir as pessoas ao meu redor dizendo seu nome, como parte da conversa e me internar em uma "clínica de repouso". Lá pelas três da manhã, cheguei a catar um livrinho de simpatias para ver se tinha algo para desfazer essa coisa, mas desisti quando vi que incluía fios de cabelo. Já que o objetivo é sair fora, como esperam que eu vá ficar catando seus cabelos por aí?

Sinceramente, o saco já está cheio. Considerei largar o curso, mas, puta-que-pariu, seri amais uma coisa a desistir por causa de. Aí já é algo inconcebível.

por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
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