Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas
Sem poder me virar, seguir em frente, ou chegar a uma conclusão, eu me sento e escrevo, sem saber muito bem o quê.

mais um adjetivo para volúvel -> The current mood of acredoce at www.imood.com

 

3.18.2004

Felicidade de pobre dura pouco


Rosa Sheer Bliss


Que título infeliz, mesmo que represente o meu estado de espírito exato. Não que minhas resoluções de buscar uma vida mais zen tenham virado abóbora, mas eu tenho que admitir certas coisinhas...

Ontem à noite foi o aniversário da mina irmã e enquanto todos bebiam campagne e vinho, eu fiquei na coca-cola e me empanturrando de brie, ricota defumada, pastinha de tomate seco, de manjericão, torradinhas, azeitonas gregas e tudo o que pode haver de mais calórico e caro na padaria chique da cidade. O abstinência alcoólica era por querer trabalhar mais tarde no roteiro da faculdade. Acabei ficando quieta e ouvindo o reso da família falando alegremente dos seus chefes babacas, seus amiguinhos de escritório babacas e de suas vidas babacas que passam cada vez mais rápido diante de seus olhos babacas. Até que minha mãe me pergunta: "E o seu dia, minha filha? Como foi?" E a minha primeira resposta teve a ver com Pierre. Levantei e fui para o banheiro lavar o rosto, pensandoq ue aquela única e deliciosa taça de champagne havia aguçado meus sentidos e agora estava eu lá, tendo a comprovação de que o ceticismo de alguns era justificado.

Voltei para a mesa e o assunto havia mudado. Falavam do meu tio João - falecido em janeiro - e em como eles disseram adeus uma semana antes e tal. Aí fiquei muda de vez, querendo não chorar e tentando pensar no meu lugar feliz. Cachoeiras, uma rede, uma chuvinha fina em uma casinha. Pensando que, agora, poderia estar na ex-futura casa em Itaipava... O problema são meus hormônios - fico achando que não passei da puberdade - que insistem em adicionar um cara, daqueles que sabem cozinhar e ainda trazem uma xícara de capuccino cremoso para mim na cama. O irônico é que esses caras de sonho estão sempre nessas imagenzinhas de propaganda de banco, mãos dadas, capuccino na cama e ambos de pijamão, aquela corridinha na praia que termina em abraços e rodopios no ar... algo extremamente babaca e incoerente com a minha realidade. Mas que, acho eu, todos sonhamos ter.

Eu, por exemplo, sempre sonhei, desde pequena, com essas histórias de se conhecer 'por acaso', numa livraria etc. Um livro que cai no chão e Nossa! Esse livro mudou minha vida!, Jura? Eu estou comprando uma segunda cópia. Li há muitos anos e também achei fantástico... Quem ouve a marcha nupcial ao fundo? *levanta a mão* Aí surge aquela atração, um convite para jantar, dois, três, umas idas para a casinha em Itaipava e--pronto! 125 anos depois, enrugados e felizes,a inda juntos e contando os tataranetos.

Só que temos que ser realistas e dizer que isso não é para todo mundo. Existem os casos das mulheres que somam maridos, dos maridos que somam amantes, dos que 'ficaram' até se casarem, os amores platônicos. Esse último é um tema perigoso, já que todos sonham em vivê-lo ao estilo Choderlos de Laclos (autor de Ligações Perigosas), através de olhares, duplos sentidos, bilhetes escondidos e nada mais. Nada físico. Quantas vezes não ouço que esse era o sonho de algum colega? Ou escritor? Ou sei-lá-quem. Eu, por aqui, sentada, querendo me desvencilhar desse platonismo ambulante da minha vida, tentando mostrar para as pessoas que isso não é bom, não é maneiro nem romântico por minhas próprias experiências. Já ouvi mulheres casadas e aparentemente felizes dizendo que trocariam tudo para ter uma relação como as minhas imortais.

E quem pode fazer yoga com um barulho mental desses? Fui dormir passando mal, tentando buscar um fio, uma pontada de sono e de promessas de um sonho de vôo num céu azul, praias paradisíacas, uma casinha nos alpes. Todas aquelas imagens nas capas dos Cd's de meditação. De repente eu queria atingir esse estado medsitativo-contemplativo, onde minha mente consegue se abrir tanto para o presente que o tempo perde essa rapidez e não se escoa pelos dedos. Logicamente, depois de toda aquela comida, não atingi nenhum estado parecido. Terminei sonhando com ensaios, peças, diretores, frustrações, velhas amigas de aulas de teatro anteriores, brigas, choros... Uma menina da minha turma de teatro veio até me dizer que eu estou certa, que as coisas não acabaram. Acordei passando mal e fui olhar pela janela, para um sol que não esquenta muito, mas que parece que vai vencer a frente fria, pensando na vida.

Já assumi algumas coisas - as quais continuo vivendo, mas que prometi deixar que morram na falta do suporte desse blog para mantê-las, por agora - e queria ainda descobrir qual é o segredo do mundo, o que faz de algumas pessoas atraentes, como elas conseguem o que querem batendo as pestanas, enquanto eu ouço: "Você é especial" e fico a ver navios, chupando o dedo, enquanto os outros, aqueles que não se preocupam em saber de nada, que se contentam em viver na ignorância, estão por aí vivendo a vida e tendo o que querem. Go getters, como dizem os americanos.

Ainda o segredo do mundo... Se alguém tiver a fórmula, divida-a. Acho que estou precisando.


por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 3/18/2004 09:41:00 AM |

 

 


 

 

 

mais tentativas de fazer algum sentido

 

se eu mdaur a oredm das lerats vcoe anida vai me etnedenr?

 

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