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3.23.2004

Até que ponto?

Eu não sei flertar. Meu Deus, Meu Deus, eu simplesmente não sei. Muito menos consigo compreender quando estão flertando comigo e como devo reagir diante de uma situação dessas. Na verdade, até hoje, todos os beijos e amassos vieram do vim-vi-venci. Nunca tive dessas coisinhas de ser conquistada, talvez por pensar que demorem muito tempo, talvez porque não seja o meu karma, ou mesmo porque nunca dei - ou tive - a oportunidade.

Por isso acabo vagando pelo tempo e pelo espaço tentando compreender as coisas que acontecem. Por exemplo: se alguém diz para você que gosta de ir a um lugar na sexta-feira à noite (numa sexta-feira) e depois na segunda eu digo que, por causa dessa diga, pretendo ir lá com uns amigos na próxima sexta e ele disser que provavelmente também aparecerá por lá, isso pode constituir uma interação com segundas intenções? É uma pergunta retórica, quase filosófica e não dá para ser respondida, até mesmo porque eu não sei. Eu não pude notar nada e acabei passando o resto da noite tentando conversar o máximo possível com ele para saber se há algum itneresse, mas não consigo saber! Não é falta de aceitação, inventar que ele talvez gsote, talvez não para me auto afirmar. É realmente não descobrir quais são essas sutilezas. O toque, o olhar nos olhos, as brincadeiras... Isso eu tenho com meus amigos homens e não creio que tenhamos todos um tesão incubado.

Uma vez ouvi que homens olham nos olhos quando estão apaixonados e para o decote quando estão atraídos. Eu posso até comprovar essa teoria - já usei decotes para atrair a atenção e vi que funciona - e também noto quando me olham nos olhos,q uando querem que eu ouça, que eu concorde ou discorde, que eu participe. Aí, sim, isso me dá uma vontade imensa de gemer alto, essa quase cumplicidade. Mas isso somente quando estou interessada em. Porque se for o contrário ou se não há segundas intenções, o que eu estou dizendo não passa de bobagens.

Hoje olharam para mim, nos olhos. Falando sobre coisas de trabalho, mas fazendo questão que eu fosse a receptora das informações, que eu concordasse ou discordasse, minha reação moldando a ação seguinte. Uma bonita relação. Ali, naquele momento, eu realmente estava apaixonada. Apaixonada por essa energia criada só numa troca de olhares. Isso sim é maravilhoso. Sem desmerecer a relação física, essa compreensão por meio de olhares, uma comunicação além do que é dito é o que muitos poetas e artistas almejam. Eu, depois de algum tempo ouvindo, comecei a partiicpar da conversa - metáforas em umas poesias - e notava que o que eu dizia era importante, que eu era ouvida, que eu compreendia mais até do que ele mesmo. E ele gostava disso. Ficamos nessa troca de pensamentos, estudando uma cena de alto teor sensual e lendo um para o outro trechos maravilhosos, onde fiquei nua para ele, sem me preocupar com o resto do mundo e ele queria me levar embora, para um canto escuro, onde eu pudesse ser dele e de mais ninguém.

Quando o ar-condicionado foi desligado, criou-se a deixa para que tudo virasse abóbora. Agora, voltamos a ser essas pessoas que andam com jetio de formiga, correndo de um lado para o outro. Até tentei oferecer uma carona, mas ele parece não ter ouvido e ainda conversamos sobre mais algumas coisas, rimos um pouco. Queria poder ter mantido aquela energia, mas tudo o que é bom acaba, sempre nos deixando com gosto de quero-mais. E, nossa, eu quero mais. Queria saber se fui só eu a sentir essas coisas, se isso foi uma daquelas maldades para enredar alguém ou se hoje à noite, nessa madrugada meio chuvosa e abafada, eu não vou ser a única encontrando problemas para dormir.

por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 3/23/2004 01:53:00 AM |