mais um adjetivo para volúvel ->

 

2.14.2004

Panelinha

Termo tão antigo quanto minha memória se lembra, pois até minha já falecida avó adorava utilizá-lo. Panelinha. Brega e sem sentido, refletindo a exata mentalidade de participantes de um grupo, tribo ou outra coisa qualquer que se encaixe no perfil. Sinto uma enorme dor de cotovelo por não fazer parte de uma. Específica.

Vi uma discussão de teatro. Melhor: vi uma discussão de uma panelinha de teatro. Uma experiência única, pois pude finalmente verificar com meus próprios olhos e ouvidos de onde saem os comentários tão profundos qque pipocam nos cadernos de cultura sobre os rumos da produção teatral. Um momento histórico, com toda a ironia que se pode pensar.

É lógico que tudo pode não passar de paranóia, mas tinha a certeza de que me olhavam assim... tentando me conhecer de algum lugar. Tentando encontrar o meu lugar ali. Quem sou eu? Essa impostora, uma estranha no ninho onde todos se conhecem e conseguem pauta nos teatros da cidade? Eu. Eu mesma. A garota que tenta, junto a uns poucos bravos - meu exército de Brancaleone - transformar em realidade o sonho antigo de ter uma companhia teatral para dar umas voltas pelo mundo com nosso repertório. E que, mesmo sem dinheiro, sem influência, sem noção, mas cheia de vontade, toma 'nãos' repetidos na cara.

Após a discussão informal do grupo, vi que os rumos teatrais passarão das mãos dos administradores ao famoso 'Partidão', onde nada se realiza sem consenso e ele só vem para os que já fazem parte do grupo. Patota. Panela.

Talento e vontade são atributos secundários.

por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
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