Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas
Sem poder me virar, seguir em frente, ou chegar a uma conclusão, eu me sento e escrevo, sem saber muito bem o quê.

mais um adjetivo para volúvel -> The current mood of acredoce at www.imood.com

 

2.09.2004

Covardia



Hoje à tarde eu encontrei com o tal, a quem darei o carinhoso apelido de Pierre, proveniente de 'Guerra e Paz', o covarde amiguinho do príncipe Andrew no grande livro de Tolstoi. Tão grande que eu, pessoalmente, não consegui - ainda - terminar de ler. Pierre. Mas até o personagem do livro tomou coragem e fez algo da sua vida, ao invés de deixá-la passar diante de seus olhos, procurando uma razão ou outra como fachada para a incapacidade de viver pelo menos uma vez na vida. Ele não pegou a princesa Rostóv? Ou será que foi só no filme. Aliás, existe uma foto de divulgação do filme maravilhosa com o sanduíche Pierre-Natasha-Andrew. Fica colada na parede do meu quarto, perto da cama. Ajuda a ter bons sonhos.

Voltemos ao Pierre em questão.

Fugiu de mim. Inventou dois telefonemas, virou de costas e só me olhou para mais uma sessão de bajulação, me chamando de pérola diante dos outros dois na sala e saindo, meio atabalhoado, meio correndo, meio fungindo. De mim. Fugindo de uma menina com quase a metade de sua idade, alguém que não merece nada além do que ser chamada de 'querida' seguindo de dois beijinhos, como faria aquela bicha louca da faculdade. Ela mesmo. A que diz que nasceu no corpo errado e usa um perfume mais forte e mais doce do que o da avó.

Mas a diferença é que essas bichas loucas, na sua maioria, são pessoas amabilíssimas e que não têm medo algum de nada. Aliás, são extremamente corajosas por viverem a vida que querem num mundo tão empacotado e plastificado e homogeneizado. Pois é.

Saí de lá, como sempre, cega, e voltei para casa assimilando a verdade. Cheguei a pura e simples verdade, após negar para mim mesma, pois como posso eu gostar de uma pessoa assim? Como posso ter passado anos pensando nele, incessantemente? Como é que eu ainda tenho a vontade de abraçá-lo, de sentir seu perfume? Como ainda posso saber - mesmo que sem muita certeza - qual é o seu carro, quais são seus pares de sapatos, quantas camisas ele usa para ir trabalhar, quais são suas cores favoritas, seus textos teatrais, suas crenças, suas vontades, seus desejos e medos mais secretos, e acima de tudo suas fraquezas? E ainda por cima pensar que há uma certa distinção entre o que é profissional e o que é pessoal...

Já nem sei mais.

Acabei comprando uma torta natural de maçã com passas de gosto terrível. Doces naturebas raramente prestam.

E tentei arrumar uma foto de um rato para colocar no post, mas no Google aparecem fotos de cobras devorando os pobres e eu não tenho estômago para isso. Ou coragem. Acabei optando por essa linda foto, tirada não-sei-de-onde - há algum tempo está aqui no computador - e colocá-la como forma de transformar em imagem o meu estado de espírito, mesmo sabendo que pouco tem a ver com as palavras. Afinal de contas, tudo na vida é... transitório, passageiro, difícil, complicado, simples, relativo, impossível de compreender. Depende do ponto de vista. Do meu, tudo parece não ter uma solução agradável. Ou mesmo uma solução. Tão frustrante quanto uma equção sem resposta após inúmeras linhas de cálculos intrincados. Acabo em um ponto morto entre o que eu quero, o que eu imagino e o que eu tenho.


por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 2/09/2004 10:48:00 PM |

 

 


 

 

 

mais tentativas de fazer algum sentido

 

se eu mdaur a oredm das lerats vcoe anida vai me etnedenr?

 

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