mais um adjetivo para volúvel ->

 

2.15.2004

Casório



Ontem meu irmão foi a um casamento de uma amiga. A garota tem menos de 25 anos e já foi em direção ao altar. Minha mãe se casou aos 23 anos. Minha avó? Aos 13, tendo uma certidão de nascimento falsa para poder andar até o altar. Eu, por outro lado, só tenho sonhos infantis, mas que são esquecios durante a realidade.

Casar. Trocar alianças e jurar amor eterno, fidelidade eterna, cumplicidade eterna, respeito eterno... Uma eternidade de promessas eternas que terminam com advogados separando 'o que é dele' e 'o que é dela'. Ou talvez com uma vida de 'colegas', dividindo o mesmo teto em uma felicidade extrema. Casar. Qual é o allure do casamento, que atrai mulheres e homens normais, sãos, a jurar eternidade em um mundo onde se vive até quase cem anos, em que a transitoriedade das coisas é a única promessa eterna.

E por que, por Deus, eu sonhei que estava casada?

Freud pode dizer que é solidão, um psicólogo behaviorista diz que é solidão, um amigo diz que é vontade incubada, outro que pode ser stress incubado, mas o fato é que eu estava lá, casadinha, em um paraíso de praias, sol e água-de-coco, alianças brilhando, rindo como modelos em um comercial de cigarros.

Acordei em um pulo, olhando em volta, para os lados, para ter certeza de que tudo não passara de um sonho. FIquei lá, olhando para a parede, um poster de um festival de teatro feito por Pierre, para as revistas pelo chão, os livros empilhados, sem saber dizer o que estava sentindo. Na verdade, sinceramente, mesmo, eu acho que gostei da experiência de sonho. Tenho que confessar que amei toda aquela mentirinha bonitinha. Eu queria estar casada. No sonho. Na realidade. Melhor, em uma realidade de sonho, como aquela. Sol, praia, filé à milanesa... um vestido Vera Wang, um templo grego ao pôr-do-sol.

Mas eu já estava acordada, era tarde demais para injetar as porções de idealismo anti-prático e hollywoodiano no meu - já ido - sonho.

Ficou no ar. Taiti, eu e meu marido.

por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
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