Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas
Sem poder me virar, seguir em frente, ou chegar a uma conclusão, eu me sento e escrevo, sem saber muito bem o quê.

mais um adjetivo para volúvel -> The current mood of acredoce at www.imood.com

 

1.01.2004

To Our Immortal Souls



Nunca duvidei da existência das almas. São elas que nos eternizam, através dos pensamentos de outros, conseqüências das nossas ações por aqui, levando o que nós somos através do infinito e voltando sempre para nos ensinar algo. Nunca consegui tornar-me cética e dizer que tudo acaba quando o corpo se acaba. Se até a química diz que permanecemos no ar, nossa energia, como é que eu poderia pensar que tudo o que sou, o que fiz, o que pensei, o que amei, desfaça-se no ar com meu último sopro de vida?

Eu hoje não pretendia escrever, pelo menos, não por aqui. Estava tentando, desesperadamente, finalizar o primeiro draft do meu roteiro, que tão transcorre livremente na minha cabeça só necessitando do suporte físico para deixar de ser 'algo no ar'. Acordei dando uma aquecida no braço, ouvi os cachorros latindo, uns loucos soltando fogos de artifício às nove da manhã. Pensei que esse é o primeiro dia de um novo ano e que não há nada melhor do que se começar com o pé direito, fazendo o que se gosta. No meu caso, criando.

Abri a porta do meu quarto e vi a porta do quarto de minha mãe aberta, um dos brinquedos do cachorro, uma bola verde-limão, jogada. Ouvi minha mãe e minha irmã conversando num tom baixo, ela, de cabeça baixa. Minhas primeiras palavras do dia foram: "O que aconteceu?" e as primeiras palavras que ouvi, foram: "João morreu". Por um segundo, ou talvez dois - eu realmente não sei - eu fiquei parada, tentando absorver as palavras, imaginando se seria uma brincadeira, mesmo sabendo que não era, tentando imaginar, pensando em como eu queria ter chamado ele para passar o ano aqui conosco, mas sabia que o meu pai andava meio brigado com ele... Ao escrever, tenho a impressão de que se passaram minutos ao invés de segundos, em câmera lenta, talvez. Meu tio, um dos dois que eu gosto, que sempre gostei. Passei umas duas horas procurando o que fazer, ora ouvindo música, ora olhando em volta e pensando em como eu fui relapsa em não ter ido visitá-lo nesses últimos meses. Fica no peito aquela sensação de qe se foi uma das pessoas a quem se ama e que não sabia que era amada. Soa brega falar assim, sinto-me como um personagem de novela-das-oito, mas a verdade é essa.

Eu queria dedicar esse post a ele. Aliás, queria dedicar o novo roteiro, minhas palavras, pensar em algo que o faça continuar no ar para sempre, sem prender seu espírito aqui. Lembro-me da Phoebe, de Friends, que dizia, quando o vizinhio de Monica e Rachel morreu: "Vá em direção à luz!". na verdade,e stou sendo mesquinha; quero deixar de me sentir tão mal, tão culpada, tão pequena diante dessa situação. Queria eternizar esse amor que eu sinto por ele. Talvez aqui seja o local apropriado, talvez não, mas eu preciso fazer isso. Não sei por quê. Aliás, eu já não sei mais nada.

E vou soar piegas, vou ser bem boba e dizer que nada melhor do que começar o ano dizendo "Eu te amo" a quem se ama, desejando bons dias, boas tardes e boas noites. Lembre-se de quem lhe faz bem, de quem quer o seu bem. Mesmo que seja como eu, meio fora-da-realidade, um pouco sem noção, não custa muito ir visitar quem se ama, levando um pouco do carinho de forma física, ao invés de somente 'pensamentos positivos'.Porque eu nunca havia passado por isso, de perder alguém tão amado, com tal choque e surpresa e num silêncio total. E dói. Muito. Vou carregar esse peso pelo resto da vida.

Portanto, tio, eu te amo. Vá em direção à luz. E desculpa.


por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 1/01/2004 01:10:00 PM |

 

 


 

 

 

mais tentativas de fazer algum sentido

 

se eu mdaur a oredm das lerats vcoe anida vai me etnedenr?

 

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