Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas Caminhos Tortuosos no Descampado sem Curvas
Sem poder me virar, seguir em frente, ou chegar a uma conclusão, eu me sento e escrevo, sem saber muito bem o quê.

mais um adjetivo para volúvel -> The current mood of acredoce at www.imood.com

 

1.22.2004

I 2004 = Motivo Um

Um dia desses tive que abrir uma conta corrente no Banco do Brasil. Munida de cópias de todos os documentos, sorriso no rosto, uma senha um pouco rasgada e amassada, fui conversar com uma daquelas atendentes - que parecem já ter anos de casa e por isso achama que todos entendem t-u-d-o sobre o banco - e fui me cadastrando, cadastrando... até que ela digitou, com seus dedinhos rápidos e ágeis, o número do meu C.P.F. - Cadastro dos Panacas Fodidos - e meu sonho de ter um dinheirinho depositado na mesma hora edsceu pelo ralo da burocracia. Três palavrinhas, em CAPS LOCK, vermelho-vivo: CANCELADO POR OMISSÃO.

Bom, eu nunca pensei que fosse omissa, até mesmo porque nunca tive a oportunidade. Sou constantemente ameaçada de cancelamento de títuos de eleitor, Identidade, CPF. Até mesmo a minha certidão de nascimento foi devidamente corrigida, após a descoberta de que o cartório no qual estava registrada pegara fogo há muitos anos.

Muito sem-graça, levantei o dedo e perguntei o motivo dessa aberração no meu cadastro. A resposta foi: "Você provavelmente não fez isso-isso-e-isso e agora o sistema diz isso-isso-e-isso. O que significa que você não pode abrir a sua conta até que a situação se normalize. Para liberar o seu CPF, você pode fazer isso-isso-e-isso ou pagar R$ 4,50."

Primeiro, me senti ultrajada. O documento, que nunca me ofereceu nenhuma vantagem, milhagem, ou pontos ao estilo Smart Club, agora sugaria da minha renda inexistente um dinheiro para continuar sua existência inútil. Depois, eu fiquei sem-graça, pois, afinal, não era uma cidadã decente e correta, cumpridora de seus deveres. Quase uma criminosa do colarinho branco, abrindo pequenas contas em bancos com CPF falso para lavar dinheiro de meu cassino clandestino ou rede de turismo sexual.

Por fim, catei meus papéis, espalhados na mesa da atendente, olhei em voltei e suspirei um "Merda." típico de quando se entra numa fila quilométrica, para só então descobrir que era o guichê errado. Olhei para a fila dos pagamentos e paguei a porcaria da taxa. Ou emolumento. Ou resgate. Ou suborno. Ainda não sei. Voltei para casa frustrada, sem conta, sem depósito e sem dinheiro para o almoço do dia seguinte.

Mas, podem escrever: um dia, meus dias de pobre acabarão.

E para que não se pense que não há moral na estória, lembrem-se: Cidadão corretos sempre se fodem.


por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 1/22/2004 10:58:00 PM |

 

 


 

 

 

mais tentativas de fazer algum sentido

 

se eu mdaur a oredm das lerats vcoe anida vai me etnedenr?

 

Site Meter