mais um adjetivo para volúvel ->
12.13.2003
X-Mas Note from the Other Side of the River
Desde que me dou por gente, o Natal é composto por uma uma recriação da vila do Papi Noel por aqui. São velas, anjos, luzinhas, árvores, galhinhos disso, galhinhos daquilo, guirlanda na porta, guirlanda na porta dos fundos, pequenas coisinhas natalinas espalhadas por todos os cantos e festão enrolado no corrimão, provocando alguns pequenos incidentes. à noite, não era nem necessário acender as lâmpadas amarelas e eu adorava ficar deitada no sofá, sem óculos, olhando as luzinhas piscando de madrugada. Tinha a impressão de que a tão-falada Mágica do Fim-de-Ano, do Espírito Natalino fossem se materializar à minha frente. Sem uma garrafa de coca-cola ou como brinquedo mais novo e mais caro da Barbie. Mas, simplesmente, me mostrar que o mundo é, sim, colorido e cheio de pequenos mistérios maravilhosos.
Nunca fui religiosa, é verdade, e quando cirança não me importava muito com todo aquele papo do menino Jesus ter nascido na madrugada do dia 24 para o dia 25. Achava maneiro ganhar presentes de todos e ser paparicada com guloseimas especiais e feitas só uma vez ao ano (e será que não seria esse o motivo de minha atração por elas?).
Quando era bem novinha, uns três anos, logo após a ceia, a família toda se reuniu para trocar presentes e eu, com um pesar profundo disse: "Deve ser triste para o menino Jesus ter feito aniversário no Natal. Tadinho, ele ganha o mesmo presente para tudo!". A família achou engraçada, mas no ano seguinte ganhei várias versões da Bíblia para crianças. E algumas chegaram aos dias de hoje na embalagem original.
Em resumo, não acredito muito no papo católico, mas também deixei de ser consumista e pensar que tudo na vida ou envolve presentes ou não vale a pena. Acreditava, até bem pouco tempo, na renovação do espírito, na comemoração junto aos que amamos de um dos maiores símbolos de Família que conhecemos, enfim, gostava da energia legal que pairava no ar, onde mesmo os irmãos mais pentelhos e tios mais tarados páram para absorver a presença dos parentes à sua volta. E aí descambam para a bebida e ficam a cantar musiquinhas de natal para todo mundo até caírem de bÇebados nas cadeiras de plástico do quintal e dormirem até a manhã seguinte.
Mas esse ano será diferente. Pela primeira vez a ceia será toda comprada e não haverá Vila de Papai Noel à vista. As guirlandas não foram tiradas do lugar, os anjos ficam sufocados, tão ansiosos por sua única chance de mostrarem-se bonitos em suas túnicas de veludo vermelho. Tão sem-graça, sem cor, sem luzes piscando, sem brilho. O Espírito do Natal passou longe daqui. Infelizmente.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 12/13/2003 03:58:00 PM
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