mais um adjetivo para volúvel ->
12.16.2003
Derretendo
Em homenagem a um dia quente, muito quente, eu fui à piscina.
Eu havia escrito uma versão Terezinha para o post, a enésima paródia a linda letra de Chico Buarque, que só vale na voz da Bethânia. Mas aí me arrependi. Falva de cada um dos meus cachorros e como eles me atrapalharam, jogaram meus óculos na água, deitaram-se - molhados e fedorentos - na minha canga, latiram para a água, lamberam meu cabelo, enfim, me fizeram ficar na água por quinze minutos, antes de subir praguejando, pensando qual casa normal tem quatro cachorros e mais uma fêmea rejeitada ganindo pelos cantos. Tentei ler Dostoévsky (O Eterno Marido), tentei terminar o livro do Saramago, tentei reler os textos para a prova de quinta-feira e ainda tentei ensar sobre um tema para o meu Trabalho Final. Acabei ficando cansada de não chegar a lugar algum, pensando em como seria bom estar empregada em alguma daquelas firmas que meu pai fala há tanto - "Se você estivesse fazendo engenharia, teria um emprego ótimo..." - que, com esse calor, certamente teriam um ar-condicionado central de fazer inveja à Sibéria. Arrependi-me do meu pensamento e tentei continuar a escrever um livro que há dois anos incluo páginas, mas que ainda não encontrou o seu final.
E não consegui fazer absolutamente nada. Ia sair para terminar de fazer as compras de natal, mas o meu cachorro mais velho parece estar se ressentindo muito com o calor e precisou de toda a atenção, polvilho antisséptico, carinhos e encorajamento que pôde encontrar.
Ao fim da tarde, acabei mergulhando na piscina de novo - os cachorros estavam entretidos correndo atrás da água que refrescava as plantas - e entre um mergulho e outro cheguei à conclusão de que a vida poderia ser mais simples. Afinal de contas, toda vez em que estou na piscina, o calor não é ruim, eu não preciso de óculos, eu não preciso pensar e muito menos preciso chega a uma conclusão. No entanto, o sol começou a se por e eu saí. Voltei para casa, olhei meu reflexo no espelho e criticamente analisei a imagem. Havia voltado à realidade. E me lembrei do encontro fatídico com o cara por quem sou obsecada - ex-professor - e rm como ele havi ame tratado... não mal, mas... de forma quase indiferente. Olhei bem para os meus olhos, para a minha boca, para meus cabelos e me perguntei se realmente não haveria maneira para que ele, um dia, parasse de olhar para mim como a menina de anos atrás.
Enfim, zerei o Age of Empires pela enésima vez, Xana foi embora e eu estou comprando o CD do meu irmão. Vamos falar amenidades.
por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 12/16/2003 11:23:00 PM
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