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12.29.2003

Cold Turkey

Há alguns anos eu estive em New York e não pude deixar de assitir a Sunset Boulevard, do Andrew Lloyd Weber. É brega, eu sei. É cliché, eu sei, mas confesso que me diverti muito, principalmente com os ares de superprodução e com os atores gays que circulam como grandes figuras 'só para constar' singindo que são machoes quase homofóbicos aos estilo John Wayne - e quem não há de pensar depois de assistir a Rio Bravo ou outro do gênero que JW bem que podia ser bi?

Bom, em Sunset Boulevard havia uma musiquinha que ela, Norma Desmond, aquela louca, desvairada, maravilhosamente fora da realidade cantava para o seu 'amor'. Hoje, a música não me sai da cabeça, com a voz de Diana Ross - ou seria outra Diana?. Recuso-me terminantemente a postar a letra. Ou pegar o CD da minha mãe para dar uma ouvida. Quem quiser dê uma olhada em letras do musical com títulos que variem de 'Brand New Year' a 'Our New Year'.

Passei os últimos dias avaliando o ano que passou. 2003 foi um ano lilás - thus as cores do blog - em que desde o dia em que fiz a minha tradicional oferenda a Yemanjá pensei que o aspecto material e carnal fosse se manifestar. Mas agora, em fins de dezembro, um ano mais velha, mais de trezentos dias na bagagem, começo a pensar se não é besteira colocar um tema para o ano.

Talvez a resposta não seja esse: "Ah, 2004 é o ano da dieta", ou "Esperem para ver o meu 'eu' 2004" que todo mundo treina diante do espelho no dia 31. Talvez não seja importante estabelecer um ponto de importância e relegue os outros pontos e possibilidades a distantes segundo e terceiro lugares na lista para o ano vindouro. Quem sabe dizer se o melhor é passar o ano de amarelo para ter dinheiro? Ou que o melhor mesmo é molhar os pés com espumante barato, fazer uma macumba em uma encruzilhada qualquer? Quem disse que se deve querer só uma coisa? Quem?

Eu quero tudo. Não o 'suficiente', mas o que tenho direito, o que eu mereço. Não vou passar de branco para ter paz, nem de vermelho para liberar a puta dentro de mim. Vou à praia homenagear quem sempre está nos meus pensamentos, vou usar uma camiseta colorida, uma sandália de dedo e os cabelos revoltos. Não vou encher a cara e muito menos quero acordoar com o gosto amargo de uma ano iniciado com uma puta ressaca. Não vou priorizar. O que vier é aprendizado, o que aparece na minha frente é importante. Existe um poema de Drummond que fala em colocar um vestido de chita sorrir para o mundo e ser feliz, acho que é 'Ter ou não ter namorado, eis a questão'. Pois então, que 2004 venha sem pretensões e propagandas de 'O que você vai fazer com cada segundo...?'. Nada. Vem. Aí eu vejo como a gente vai se encontrar. Só vendo você de frente eu terei a certeza de qual será o próximo passo, se eu finalmente sento no colo do homem que amo ou se você me aguarda com um caminhão desgovernado. Vem que juntos vamos descobrir qual é a sua, qual é a nossa e o que poderemos fazer assim, sabe, nós dois. Eu não quero aguardá-lo com com um olhar pidão, não quero me encher de esperanças ou idealizá-lo. Chega mais, devegar, sem pretensão nenhuma de trazer uma resposta definitiva, sem a pressão de ser alguém. Não traga nada se não houver o que trazer; não peça nada que não queira nem precise. Nem se imagine com o mundo nas costas porque não adianta. Massagistas cobram os olhos da cara. Venha animado, até porque você é novo, tem energia e contagie a todos à sua volta. Mesmo os mais chato e babacas. Eu já vou dizer que sou chata, psicótica, meio depressiva e sofro de T.P.M. constante. Mas você também deve ter as suas complicações, senão não seria tão cobiçado - as pessoas simples nunca são lembradas ou desejadas por perto, coitadas - e portanto, creio que teremos uma convivência, no mínimo divertida.

Quando quiser, é só tocar a campainha. E fique tranqüilo que os cachorros não mordem.

por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
preenchimento do cabeçalho obrigatório: 12/29/2003 12:30:00 AM |