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12.17.2003

Amor, Obsessão e outras Variações



Nunca pensei que o amor pudesse se manifestar na forma artística e plástica de se ver o mundo. Explicando: acho possívela declaração de amor feita através de uma obra de arte, mas não que o sentimento possa por outra pessoa possa se manifestar através de uma obra de arte. Como sempre, me vi encurralada, em um pequeno canto e com uam vontadfe enorme de roer as unhas, me debater e dar para ele ali, naquele momento.

Sentar no colo, fazer cafuné, beijar,a braçar, deixar ser levada, conduzida, condutora,s eja lá o que for, mesmo que a manifestação física desse sentimento se desse somente durante essa noite. Acho que seria mais feliz, minha pele teria um brilho diferente, minha mente seria um pouco mais pervertida e um pouco menos perversa e descrente desse mundo tão cinza e sem cor em que vivemos. Acho que poderia sacudir os cabelos em velocidade normal como se fosse em slow motion e as músicas da Nina Simone que canto no carro aos berros fariam mais sentido.

E isso tudo através de uma obra artística que me deixou arrepiada. Ao ver o que se sucedia, ali, na minha frente, não pude deixar de pensar em como pode haver uma simbiose de pensamento entre dois seres criadores na face da Terra. Sem brincadeiras, floreios ou falsidades, não creria possível duas coisas ocorrerem ao mesmo tempo para duas pessoas que por tantas vezes tiveram o destino e a não-correspondência de sentimentos presentes em suas vidas, jogando-os um contra o outro, ora separando-os com terras, baías e relacionamentos. É como se algo surgisse que fizesse tudo o que aconteceu de ruim fazer sentido, como se tudo o que fora dito se tranformasse em poeira sem sentido ou razão e por mais verdades que possam ser, são empalidecidas, diminuídas, destruídas por algo além até mesmo das duas pessoas. Nós. Eu e ele. Duas pessoas que, com já sei há tempos, nunca serão mais do que wrong timing.

Ainda assim, eu me sinto atraída, emocionada, fraca, desesperada, calma, confiante e desesperada por ele. As pernas tremem, as mãos ficam geladas, a voz fica presa na garganta; quero rir e chorar com gosto, quero imaginar e viver tudo o que não poderá ser vivido; quero permanecer no mesmo lugar e parar de sofrer, quero aprender a estar ao seu lado sem sentir mais do que uma leve admiração profissional, mas minha outra metade, bem, ela sobe pelas paredes e chora, de ponta-cabeça, o inatingível ser que diante dele, murmura pouco mais do que : "Oi".

por acredoce, autora nunca publicada e raramente lida.
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